sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Que venha 2012


Apesar de todas as previsões fatalistas para 2012, aguardo ansiosa sua chegada.
Todos os anos escrevo na última página da agenda do ano que irá chegar as metas para o próximo ano.
Para 2012:

1. emagrecer 20 quilos
2. fazer exercícios físicos diariamente
3. investir em melhorias na escola
4. terminar minha pós
5. fazer um curso de inglês e me inscrever no mestrado
6. fazer um quarto para meu neto
7. ser feliz, independente do que me façam
8. não permitir que fatores externos me impeçam de alcançar meus objetivos

Conferi com as metas que escrevi no início de 2011 e a maioria está repetida.
Algumas porque devem ser sempre renovadas e outras porque me faltou mais empenho.
Por isso acrescentei os itens 7 e 8.
Uma das coisas boas que fiz em 2011 foi parar de fumar, embora o Chico diga que não parei porque de vez em quando dou um traguinho, mas muito de vez em quando, e só um traguinho. Nunca mais acendi um cigarro. Fico feliz com isso!
Pretendo em 2012 trabalhar mais minha espiritualidade, me preparar para seu uma avó porreta e ajudar a construir um mundo melhor para todo mundo.
Desejo que em 2012 o sonho de um mundo melhor se concretize, que as pessoas olhem para o outro e vejam seu semelhante, que ajudem a pensar em um planeta melhor para nossos filhos e netos e que sintam que isso depende da atitude de cada um de nós.
Concluo com as palavras de Drumond:

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tempo em fatias


Drumond disse:
"Um ano, quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente..."
Nos finais de ano sempre me sinto como o tempo, fatiada. É como se pudesse juntar meus pedaços e recomeçar do zero.
Este foi um ano de muitas decepções, mágoas, sofrimentos, mas também de muitas alegrias e devemos senti-las com muito mais intensidade do que o que nos faz sofrer. Kauã se tornou nosso filho de direito, agora é Kauã Villela Botelho. Luísa vai me dar meu primeiro neto, Pedro, e apesar da polêmica em torno do nome, porque são muitos Pedros na família, aprendi a respeitar a opinião da minha filha, que é mais cabeça dura que a minha mãe. Chico sugeriu que se chamasse Nicanor ou Nestor. Prefiro Pedro, mas o amaria mesmo que se chamasse Jacó (outra sugestão do Bomba).
Chiquinho, finalmente, concluiu o segundo grau e irá morar com a mãe, para dar continuidade aos estudos.
Luís Guilherme está fazendo Engenharia de Alimentos na Universidade Federal de Lavras e tem sido excelente aluno. Esse menino tem futuro.
Minha mãe irá completar 70 anos em janeiro.
Nunca estive em uma fase melhor no casamento. Eu e Chico estamos vivendo juntos e felizes como deve ser um casal de meia idade. Ontem ele ficou bravo porque saí com minhas cunhadas e primos. Será que ele ainda tem ciúmes de mim???
Tenho menos amigos do que antes, mas muito mais sinceros.
Tenho amigas e amigos de décadas que reencontro nas redes sociais e me fazem voltar no tempo.
Consegui comprar um carro. Tá certo que ele já tem 12 anos, mas é um Honda Civic e tá interaço.
No final deste ano teve "barraco" e não podia ser diferente.
Somos uma família imensa, de pessoas com personalidade forte e muitas crianças que se reúne apenas uma vez no ano. Curtimos muito estar juntos e o amor que nos une é tão intenso que supera qualquer discórdia.
Agora, enquanto escrevo, uma das minhas sobrinhas, se aproxima mancando, ela quebrou o dedinho do pé, tem dois aninhos, é uma linda, adora a "Tienata" e eu amo essas crianças.
O amor é o que me move e não consigo ficar remoendo o que me entristeceu.
Só permito que me entristeça a falta que sinto do meu pai, dos meus avós, da Carol, do meu sogro, de tanta gente que fez parte da nossa vida e se foi para o encontro do amor incondicional. Sim, é assim que hoje encaro a morte, como o encontro com o amor incondicional e isso minimiza a tristeza.
Vamos permitir deixar para trás as pessoas que nos magoaram e vamos abrir caminho para que novos amigos cheguem.
Fechar um ciclo é bom. Dá fé e esperança no futuro.

sábado, 10 de setembro de 2011

Filhos - de novo!!!

Bem, todos sabem que estou muito feliz com essa história de ser avó, embora esteja me sentindo uma anciã, pelo menos agora tenho uma justificativa para estar acima do peso: Pô, vou ser avó, já viu avó magrela, não tem graça, vó tem que ter aconchego, blá, blá, blá...
Mas não posso deixar de compartilhar a alegria que estou sentindo de ver como o Luís Guilherme está amadurecendo.
Ele se mudou para Lavras. Está cursando Engenharia de Alimentos, só que na UFLA, a melhor de Minas e a terceira melhor do Brasil(palavras dele).
Ele, que sempre competiu com a irmã, TINHA que passar em duas faculdades federais também, não podia deixar por menos.
Só espero que tenha um fiho na hora certa, como a irmã!
Depois de mais de um mês longe de casa, veio passar o fim de semana e está maduro, seguro, tranquilo.
Chiquinho também está tomando jeito e Kauã é um menino doce, meigo e amoroso.
Feliz, com a vida que tenho, com a família que construímos, seguimos, eu e Chico, rumo ao futuro...

VOU SER AVÓ!


Queria entender porque está sendo tão difícil para mim compreender que minha "menininha" vai ser mãe. Sim, eu sei, Luísa já tem 27 anos, já está casada há três e queria muito engravidar. Mas ainda a vejo como aquela garotinha engraçada, meio lerdinha, estabanada, quietinha, estudiosa, fui acompanhando seu desenvolvimento, sofrendo quando ela adoecia, aprendendo com ela a ser mãe. Depois sofri quando ela teve que voltar para o Rio de Janeiro, sem mim e aos 17 anos, para continuar seus estudos. Não importa se iria morar com meus pais, que o pai dela iria ajudar, tudo que eu queria era nunca ter que me separar daquela a quem amo com tanta intensidade desde que a senti no meu ventre. Ela foi para o Rio indignada, por ter que conviver com "aquelas patricinhas", afinal ela foi criada aqui, em São Vicente de Minas, com toda simplicidade. Quando ela disse que não sabia se queria a área de Humanas ou Exatas, aconselhei-a a fazer cursinho e escolher seu futuro com calma e achei graça quando ela disse que queria fazer Direito porque queria ajudar a combater as injustiças sociais do nosso país. Senti tanto orgulho naquela hora! Uma sensação de que eu tinha feito um bom trabalho. Luísa foi conhecendo pessoas, fazendo amizades, descobrindo que nem todas as cariocas são "patricinhas", crescendo como ser humano, errando, aprendendo, e aí conheceu o Marcus. Foi muito engraçado quando ela decidiu me contar que estava gostando do "chefe". Ela me chamou para irmos a um pub e me fez trocar de roupa, porque disse que eu estava vestida como uma senhora e não como a amiga que ela queria naquela noite. Então me perguntou: "Mãe, um cara de 28 anos é muito velho?" ao que respondi: "Depende, para mim ou para você?". E então conversamos muito e eu, como sempre, apoiei sua decisão porque sempre soube que ela é sábia e que sabe tomar as decisões certas. Um dia Luísa estava voltando para o Rio e capotou com o carro. Marcus não estava, porque tinham tido uma crise como qualquer casal - que atire a primeira pedra aquele que nunca desejou atirar na cabeça do companheiro. Entrei em pânico! Não consegui me acalmar nem quando a vi, inteira. Quando Marcus chegou senti sua dor e naquele momento, ao ver Luísa e ele abraçados, vi que eram um casal e que passariam a vida juntos. Agora eles serão pais do meu neto, ou se Deus permitir da minha neta! Um dia Luísa disse que estava pensando em engravidar e eu entrei em pânico! Disse a ela que eu já estava preocupada com meu neto que ainda nem havia sido concebido. Mas ele já estava lá. Estamos felizes, essa criança será muito bem vinda, amada, desejada e eu serei a avó mais tola do mundo, uma vez que escrevo com lágrimas nos olhos. É muita emoção para uma pessoa que sempre desejou apenas ser mãe. Tenho tanto a agradecer à Deus! Um dia, quando voltar para casa, poderei levar todas essas emoções que Ele me permitiu.
youtube.com/watch?v=KF48xJpjq6I

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SEMANA NACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA

De 21 a 28 de agosto se comemora a Semana do título, antes chamada de Semana do Excepcional - título bem menor e mais simbólico.
Não gosto de SEMANA NACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA. Acho o nome grande, ressalta a Deficiência e não a Excepcionalidade.
Trabalhar com pessoas com deficiência parece para a maioria algo triste, melancólico, mas na verdade é uma das melhores escolhas que já fiz em minha vida.
Com "meus meninos" aprendo o significado do verdadeiro amor, da dedicação, da alegria de viver, independente de nossas limitações.
São verdadeiramente EXCEPCIONAIS!!!ESPECIAIS!!! E nós é que somos deficientes nas emoções, nos sentimentos.
Hoje Selma e Natan decidiram que irão iniciar a vida sexual. Ele terá que aprender a colocar camisinha e ela ainda não sabe tomar pílula, mas após alguns meses de namoro, decidiram que querem experimentar. procuraram a psicóloga para conversar, ela marcou com a enfermeira para orientá-los. Alguns poderão pensar que isto é loucura, que não devemos permitir. E eu pergunto: por que não? Eles estão sendo muito mais responsáveis que a maioria dos adolescentes. E sexo é vida, desejo de estar vivo!
Hoje também começou na escola um aluno "novo" - Devanir, 26 anos. Chegou sorridente, cumprimentando todo mundo, na maior educação.
Como seria bom um mundo em que as pessoas fossem tão especiais!




sábado, 9 de julho de 2011

FILHOS....

Há 19 anos dava a luz ao meu segundo filho, Luís Guilherme. É incrível a emoção que sentimos. Gerar uma vida, colocá-la no mundo de depois entregá-la para este mundo. Durante anos preparei festas, comemoramos juntos, a família unida. Hoje meu filho já não liga mais para isso. Comemoração legal é beber com os amigos, afinal, ele está comemorando dezenove anos.
A mãe fica com aquela sensação de vazio, de menos valia, mas compreendendo que faz parte...
Luísa veio ao mundo oito anos antes e me lembro da sensação de propriedade que senti sobre ela. Vontade de protegê-la de tudo e de todos, até do próprio pai, como se ela fosse só e exclusivamente minha. Ilusão. Os filhos não nos pertencem.
Luís Guilherme foi o recém nascido mais bonito que já vi, com seus cabelos loiros e bochechas rosadas, mas quase me levou à loucura quando não dormia e mamava exaustivamente. Nasceu com mais de quatro quilos e em três meses dobrou de peso.
Três anos depois chegou o Chiquinho, um menino bochechudo e de cabelos negros como o pai. Queria muito que viesse viver conosco, mas isso só aconteceu cinco anos depois quando na adolescência sua mãe biológica não aguentou mais o peso de ser mãe e o entregou ao pai (TOMA QUE O FILHO É SEU). Eu não pude recusar.
Cinco anos mais tarde, depois de um feriado, Chico me diz: "vamos ter um filho" e eu respondo: "você está louco, estou na idade de ser avó". Novamente não consigo recusar e sou mãe novamente.
Luísa sempre foi uma filha perfeita: inteligente, tranquila, companheira, nunca me deu trabalho. Luís e Chiquinho em compensação...
Hoje, depois de tantos problemas que nossos adolescentes nos trazem fico apenas esperando o tempo passar e que um dia eles pensem em tudo que fizemos por eles e não nos abandonem num asilo qualquer.
Mas se isso acontecer, não irei me surpreender, afinal eles não são meus, são do mundo.
Dramática?
Sim, estou sendo, afinal são bons meninos, embora Luís apronte sempre e Chiquinho, bem, melhor deixar pra lá...
Ainda aguardo a adolescência do Kauã, que chegará quando estivermos com menos gás.
Quem sabe o mundo esteja melhor.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sobre tubarões e lambaris

Outro dia uma amiga ouviu a seguinte frase: "PEGARAM OS LAMBARIS, QUERO VER PEGAR OS TUBARÕES". A pessoa se referia aos culpados como "lambaris" e acusava inocentes de "tubarões".
Na verdade eu e mais algumas pessoas, estávamos sendo chamados de "tubarão".
Confesso que, como minha amiga, também fiquei indignada e, por dias, sofri com mais esta injustiça até perceber que é assim que nós brasileiros pensamos diante de tanta impunidade. Afinal a corrupção começa por aqueles que deveriam servir de exemplo: nossos governantes.
Minha irmã recebeu uma baita multa porque anos atrás, para não fechar sua loja e se tornar mais uma empreendedora falida, andou sonegando impostos. Gostaria que o governo nos mostrasse como uma empresa, um comércio, pode sobreviver sem sonegar impostos em nosso Brasil, onde a carga tributária é uma das maiores do mundo? Em contrapartida o que recebemos? Educação e saúde que justifiquem?
Ainda estou assustada com a traição sofrida. Pensar que pessoas que eu amava como se fossem irmãs, ou filha, tiveram a coragem não apenas de me trair, trair a confiança de tantos, mas também de me atacar com acusações infundadas apenas para se defender, me parece cruel, perverso, mas acho que ainda poderei superar mais essa história.
Existem pessoas que quando mordem a língua correm o risco de morrer envenenada, a tal fulana que julga LAMBARI – um pequeno peixe de água doce – pessoas que traem, se apropriam indevidamente de recursos destinados à uma entidade que luta com dificuldades e TUBARÃO – o grande vilão dos mares – pessoas tolas, inocentes que confiaram excessivamente, deveria procurar a verdade e tentar ajudar o próximo, assim, quem sabe, sua vida fosse mais produtiva.

domingo, 15 de maio de 2011

ENVELHECER



"Olho o tempo, chove...meus gibis já são antigos, na rua não posso sair, durmo enquanto...chove!"
Assim comecei o meu primeiro poema, devia ter uns onze anos. O caderno de poesias se perdeu nas mudanças que fizemos, mas as palavras permanecem na minha cabeça. Depois desta foram outras, inúmeras, coisas de adolescentes. Com o tempo, e as responsabilidades, fui deixando de lado a escrita, voltando apenas no ano passado, neste blog.
No grande intervalo muitas palavras dançavam em minha cabeça, escrevia horrores enquanto dormia deixando pra lá ao acordar. Estava cochilando a pouco e acordei com vontade de escrever sobre envelhecer. Tive um sonho em que me via terrivelmente só na velhice. E pensei em minha mãe. Será que ela gosta mesmo de ficar sozinha no casarão de mais de 200 anos? Hoje passei o dia no casarão, sozinha, e foi bom, um intervalo, mas e para ela, como é? Hoje ela está pescando no rio São Francisco com 5 dos 15 netos, deve estar sendo divertido. Quando ela voltar irei perguntar como se sente. Nos esquecemos de perguntar aos que amamos como se sentem. Cobramos demais, exigimos demais e nos doamos de menos.
Costumo dizer que envelhecer é fácil, difícil é pintar os cabelos.
Gostaria de ter a coragem de assumir meus cabelos brancos, mas não dá. Meu cabelo ainda não é todo branquinho, é apenas um pouco e ,terrivelmente, grisalho.
Gosto do processo de envelhecimento. Sentir que hoje sou muito mais forte para enfrentar os acontecimentos da vida, mesmo os mais difíceis, como o que estou vivendo atualmente. Tiro de letra, como dizia meu pai. Não vou dizer que deixo de sofrer, porque aí seria demais, apenas sofro de menos, porque hoje sei que tudo passa.
Revivo minhas histórias, meus amores, amizades perdidas no tempo e percebo que, apesar dos anos e dos quilos a mais, me amo mais hoje, me sinto mais feliz. Esquisito...
Quando jovem me achava feia, enquanto os outros me achavam bonita, hoje me acho bonita, enquanto os outros me acham...bonita? Desculpem, mas não me importa! Me importa o que eu acho, o que eu penso, o que eu sinto sobre mim. Quando jovens nos preocupamos muito com a opinião dos outros. Outra coisa boa de envelhecer é não ter medo de "pagar mico".
Há algum tempo escrevi sobre o envelhecimento e terminava dizendo que esperava um dia tomar cerveja em plena quarta-feira, na beira da piscina, flertando sem culpas. Mudei de idéia, mudarei muito até lá, quero meu marido ao meu lado, na velhice, e não será legal flertar na sua frente.


As palavras de Juca Chaves, na música que meu pai cantava, irão terminar mais essa história:
"Sentir-se jovem é sentir o gosto
De envelhecer ao lado da mulher
Curtir ruga por ruga de seu rosto
Que a idade sem vaidade lhe trouxer
O corpo transformar-se em escultura
O Tempo apaixonado é um escultor
E a fêmea oculta na mulher madura
Explode em sensuais formas de amor
E a fêmea, esta escultura,
Já mulher madura
Explode em sensuais formas de amor
Ser jovem cinqüentão não é preciso
Provar que emagrecer rejuvenesce
Pois a melhor ginástica é o sorriso
E quem sorri de amor nunca envelhece
Amar ou desamar sem sentir culpa
Desafiando as leis do coração
Não faça da velhice uma desculpa
E nem da juventude profissão
Idade não é culpa
Velhice não é desculpa
Nem mesmo a juventude é profissão
Fica mais velho quem tem medo de ser velho
Roubando sonhos de alguma adolescente
Dizer que ele "dá duas", que é potente
Mentir para si próprio e para o espelho
A idade é uma verdade, não ilude
Quem dividiu a vida com prazer
Velho é se drogar de juventude
Ser jovem é saber envelhecer
Velho é quem se ilude
Que a idade é juventude
Ser jovem é saber envelhecer"

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Guerreiras

Minha irmã mais nova, fez 45 anos ontem. Nem eu, nem ela aparentamos ter a idade que temos. Talvez porque sejamos filhas da mesma mãe, que está chegando aos 70 inteiraça!

Fernanda é uma guerreira, com quem tenho o privilégio de conviver por todos estes anos. Sempre fomos mais que irmãs, sempre fomos amigas e unidas.
Fernanda é dessas mulheres que encara a vida de frente, atravessando todos os problemas que lhe aparecem como um tsunami e teimosa como boa ariana.
Ontem passei por duas emoções distintas: a perda precoce da amiga e a alegria de comemorar mais um ano de vida de minha irmã. Fernanda me deu a graça de ser madrinha do Vinicius, tia da Isabela e de estar ao seu lado no momento mais difícil de nossas vidas, quando Carolina foi encontrar com a Dita. Lembro que um ano antes, quando a Dita, irmã adotiva de minha mãe, estava "partindo", ela olhava para o nada e dizia: a menininha...Pouco mais de um ano depois a caçulinha da Fê estava indo ao seu encontro. Um dia após a partida da Carol, sonhei com as duas sorrindo para mim e acordei procurando minha mãe para lembrá-la das palavras da Dita. Por mais difícil que tenha sido o momento, a fé de que estava juntas se cuidando e olhando por nós, me tranquilizou. Fernanda enfrentou a perda da filha com a dignidade que existem em poucas mulheres! É excelente mãe, esposa, irmã, tia, madrinha, amiga, enfim, quase perfeita...
Minha mãe também é guerreira, sempre disposta a defender suas crias. Por nós briga como uma "galinha de pinto". Quando soube que meu pai teria que fazer um transplante de rim, foi a primeira a se oferecer. Graças a ela, ele sobreviveu por mais de sete anos sem hemodiálise. Quando ele teve o AVC que o levou para o Plano Espiritual, ela ficou do seu lado, mais do que o possível. Foi filha, esposa, mãe e avó dedicada e apaixonada, apesar de estar ficando parecida com a Dona Encrenca - sua mãe (ela vai ficar uma fera quando ler isso :)
Fabiana é a caçulinha, tem menos de trinta, quatro filhos, vive na fazenda e é casada com um mineirim ciumento que só. Imagine ser mãe de gêmeos prematuros aos 18 e três meses depois descobrir que está grávida de ... gêmeos. Amadureceu na marra, embora às vezes tenha ainda um comportamento infantil, coisa de menina mimada. Hoje, como empresária bem sucedida do ramo de turismo (aproveito para fazer propaganda www.hotelfazendamarinho.com.br), sabe administrar seus recursos financeiros como ninguém.
Minhas cunhadas também são poderosas! Cris consegue administrar um marido como o Rogerio e seus três filhos educadíssimos, como só ela. Rena, gaúcha das bravas, traz o Fabio num cortado e é mãe das garotinhas delícias.

Minha filha, Luísa, herdou da mãe a coragem de correr atrás dos seus ideais e é uma vencedora de primeira grandeza. Não vou ficar falando dela para não despertar o ciúme dos outros filhos, todos machos!

Nessa família de guerreiras, temos também a Martha, minha prima que amanhã fica um ano mais velha que eu (ahahaha), foi criada no meio de um bando de homens e venceu! A Rosa, agregada, tanto fez que casou com meu primo só pra entrar na família. E a Silvinha? Caraca! Sem palavras...
Bem, essas são as mulheres com quem convivo desde sempre e que me dão forças para aprender a me cercar de uma mulherada competente, para que o belo trabalho que a Flor Amarela desenvolva (sem falsa modéstia).

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por que???

Estava no Rio, na casa da minha filha, me preparando para voltar pro meu Pedacinho do Céu, quando a TV ligada dava as informações ao vivo.
Eu, como diretora de escola, me solidarizava com os professores, alunos, pais e mães desesperados,e com a "pobre" diretora.
Como impedir a entrada de um ex-aluno na escola?
Como imaginar que o maluco terrorista iria atirar em crianças.
Ele passou metade da vida arquitetando o ato repugnante que resultaria nessa tragédia.
Ninguém nunca observou o quanto era louco?
Dizem que ele fez tratamento psicológico até os 17 anos, quando decidiu parar. Como deixaram?
Aí fiquei pensando num ex-aluno da nossa escola, hoje com cerca de 16 anos. Desde criança manifestava comportamento agressivo e o psiquiatra detectou que ele era psicótico. Os pais se recusaram a dar o medicamento, porque ele ficava sonolento. Depois de anos, não dava mais para ficar na escola e ele se afastou. Há cerca de dois meses tentou matar a avó. Será que irão tomar uma atitude ou irão esperar que cometa um ato pior. Conhecendo a família, acredito mais na segunda hipótese. Será mais um Wellington nessa Terra com atos tão primitivos?
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Hoje Adriana, uma amiga com quem convivo desde a adolescência partiu para o plano espiritual. Há dois anos seu marido teve um tumor no cérebro que o levou em meses. Na época, Adriana descobriu que estava com leucemia.
Durante anos lutou com a doença porque precisava sobreviver para cuidar de seus filhos pequenos, hoje com 11 e 7 anos. Em dezembro ela não quis esperar as festas de fim de ano e foi tentar o transplante de medula. Não deu certo. Hoje ela partiu e deixou seus filhos aos cuidados da sogra, uma senhora com mais de 70 anos.
A comoção que esta morte provocou em nossa pequena cidade foi grande. Será que ela tinha mesmo que partir?
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Ontem acompanhei no Fantástico o caso de Realengo e no Domingo Espetacular uma matéria sobre a Cracolândia em São Paulo.
Por que tanta gente querendo viver, gente querendo morrer, gente querendo matar, gente querendo salvar....
Meu Deus, me dê uma resposta para meus questionamentos!

quinta-feira, 31 de março de 2011

01 DE ABRIL

20 ANOS DE EXISTÊNCIA DA FLOR AMARELA
01 DE ABRIL - I SEMINÁRIO MUNICIPAL DE AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

segunda-feira, 28 de março de 2011

DE VOLTA PRO MEU ACONCHEGO

Sai do spa no sábado. Foi difícil pensar em voltar para a vida real, o imaginário é sempre mais fácil, mas o tempo que passei lá foi importante para refletir sobre minha vida e como conduzi-la a partir de agora.
Estou com 47 anos, dos quais 20 investidos no projeto que coordeno até hoje, a Flor Amarela, sou também diretora e fundadora da APAE de São Vicente de Minas, portanto nos últimos vinte anos minha profissão foi cuidar dos outros e aí fiquei hipertensa, estressada, fui injustiçada, sou admirada e odiada, engordei mais de 20 quilos, mais de um por ano, tenho um salário baixo e pouco tempo para promover mudanças profissionais, mas todo tempo para dar uma reviravolta em minha vida, afinal "mudar é um ato de coragem".
Aprendi que se ainda posso aprender a jogar tênis, sentir prazer nos exercícios físicos, emagrecer mais de cinco quilos em 12 dias, posso fazer o que desejar, sem limitações.
Agradeço os últimos 20 anos que me ensinaram a ser uma pessoa melhor, mais ética, competente e capaz, mas agora é hora de mudanças, para ficar ainda melhor.
AGORA, VERDADE SEJA DITA, COM TANTO PROFESSOR BONITO E COMPETENTE, FOI FÁCIL EMAGRECER E CUIDAR DE MIM.

sexta-feira, 25 de março de 2011

APERTANDO O BOTÃO

As pessoas não entendem o porque de estar num spa de férias: "pagar para passar fome"?
Na verdade, férias para mim é sinônimo de spa. É a hora de parar de cuidar de outros e olhar para mim, ser egoísta, comer pouco sim, fazer maratona de exercícios e emagrecer muito rápido.
Dessa vez bati o recorde, menos 5,200kg em apenas 11 dias!!!
Fome??? Senti sim, até o terceiro dia, hoje ficaria aqui mais alguns meses até.
A terapia me ajudou demais a refletir sobre questões que nem sabia que tinha, mas os exercícios, o carinho das pessoas, a dieta balanceada, fazer coisas que antes nem pensava, tipo jogar tênis, me fizeram ver que foram as melhores férias de minha vida. Tô pronta para continuar emagrecendo até alcançar minha meta.
Sentirei saudades e pretendo voltar, espero também deixar saudades...

quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

FINITO MAMA???

Camila é um anjo de cabelos encaracolados que está acompanhando sua mãe aqui no spa, filha de mãe brasileira e pai argentino, mora na Itália. Ao final da aula de hidro perguntou: "finito mama?", muito linda! Com ela mato um pouco as saudades do Kauã, que acaba de falar comigo ao telefone. Crianças tem esse dom de nos alegrar e fazer acreditar que a vida é demais!
Hoje me irritei com o Chico. Ele queria primeiro assistir ao jornal para depois me atender. Ia ficar muito brava, mas aí ele telefonou e me acalmou. Sorte dele!
Luiz vai embora amanhã e me pergunto: quem irá fiscalizar se estou comendo devagar? Quem me dará os palmitos extras? Quem se preocupará em reservar um pedacinho do pedacinho de bolo pra mim? Vou sentir falta dos seus cuidados... O bom dessa estadia é que o grupo está muito legal, amigo, um se preocupando com o outro, uma alegria contagiante, aumentada pelas piadas do Sr Jaques, pela dança da Xuxu, ei, cadê a D Regina? Não a vi hoje.
A Regina, que é amiga do Gerson meu primo - esse mundo é mesmo pequeno - volta para BH amanhã, mas Raquel e sua mãe chegaram. Assim é aqui, assim é a vida: "o trem que chega é o mesmo trem da partida"
Descobri-me cantora, dançarina e jogadora de tênis. Nunca imaginei que um dia iria jogar tênis, dançar flamenco ou cantar em público...Será que é resultado da terapia ou das privações?

reta final

Sábado iremos embora. Sei que lá fora tudo será mais difícil, mas não impossível.
Recuperando a auto-estima, principalmente em relação à minha profissão, pretendo retornar para minha vida mais auto-confiante(ainda tem hífem???).
Estou com saudades de casa,do marido, dos filhos, da escola, do trabalho diário, mas com um medo danado de retornar e perder o fio da meada...
Aqui as idéias fluem, a fome não atormenta, os exercícios físicos despertam um prazer que a Renata anterior desconhecia. Como será depois?
Hoje Lori foi à piscina de biquini, ela é linda, tem apenas 29 anos, mas tinha vergonha de colocar biquini, mas tanto falamos que ela decidiu, disse que queria enfrentar todos os seus medos. Vibrei por ela.
Ontem foi a melhor noite no spa. Cantamos, dançamos e demos risadas com as piadas do Leon e do Sr. Jaques, esquecemos as horas e a fome.

segunda-feira, 21 de março de 2011

que preguiça...

Já emagreci mais de quatro quilos, espero deixar metade do que ganhei em 12 meses em apenas 12 dias.
Hoje não estou muito legal, não é fome, acabei de jantar, é porque na terapia tive que lidar com situações que estavam caladas e isso me fez refletir sobre minha vida.
Estou com preguiça.
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Estava, me chamaram no quarto porque tinha uma metade de um pedacinho de bolo que guardaram para mim e aí fui fazer dança do ventre. Agora acendi, vou jogar baralho, amanhã é outro dia...

domingo, 20 de março de 2011

DOMINGÃO NO SPA

Até aqui se sente que é domingo, ainda mais quando o dia fica nublado. Se estivesse com sol estaríamos na piscina, conversando, mas faz frio, dia nublado, então nos recolhemos ao quarto e ficamos preguiçosos.
Obama faz discurso na TV, acabei de deixar de lado o livro "A teoria das janelas quebradas" de Drauzio Varela e aguardo a hora da massagem. Com o dia frio a fome aumenta. Hoje não tem terapia e estou um pouco deprimida, ou melhor, preocupada com o mundo lá fora. Na terapia estou revendo algumas situações que não posso controlar, que faz com que me sinta impotente...

sábado, 19 de março de 2011

FIM DE SEMANA NO SPA

Acho que hoje é sábado. Aqui não faz muita diferença entre segunda e domingo. Todos os dias a rotina é a mesma: acordar por volta das 7:15, pesar, café da manhã, fazer alongamento, depois esteira ou caminhada, lanche, hidroginástica, hidrocaminhada, almoço, descanso, lanche, hidroginástica, recreação, jantar, recreação e nos intervalos massagens e terapia. Faço tudo que é 0800, tudo que estiver incluído no pacote de 12 dias: dança de salão, tênis, dança flamenca..., mas estou fazendo um alto investimento em terapia, tudo bem, o importante é ficar bem para continuar fazendo o que faço - cuidar dos outros.

sexta-feira, 18 de março de 2011

DIÁRIO DO SPA - QUE DIA É HOJE?

Ontem arrumei um "tomador de conta", um hóspede chamado Luís, me deu uma bronca dizendo que como muito depressa. Eu sei disso e o Dr Castanho disse que uma das chaves do emagrecimento é comer devagar, aí não briguei com o cara e, cada vez que ele se aproxima presto atenção se estou comendo depressa. Ele disse que devo estar o achando um chato, eu brinquei que é mal de Luís, porque o meu Luís Guilherme pega mais no meu pé que qualquer marido. Mas, na verdade, o cara é gente boa, agradável e hoje estava todo feliz porque nasceu seu segundo neto, na verdade uma neta. E ele estava lá, na hora do almoço, mostrando fotos. Depois do almoço foi caminhar e eu caminhei até o quarto para tirar um cochilo.
Caraca, tem gente que pira aqui!!
Tem uma mulher que pesa menos de 70 quilos, da minha altura, fazendo dieta e eu sonhando em sair dos 80.
Hoje tinha uma, na hora do almoço,perguntando se alguém tinha um cigarro. Só tinha visto ela de fumante.
Mamãe fica conversando com Deus e o mundo falando do "nosso projeto", tentando arrumar parceiros. Nunca conseguimos nenhum em spa algum, mas ela não desiste. Eu morro de vergonha, digo que não estamos aqui a trabalho, mas ela incorporou o cargo de Presidente da APAE e acabo deixando, é o trabalho dela!
Meu pé melhorou, mas ainda não deu para fazer caminhada, portanto hoje SÓ FIZ bicicleta, hidroginástica e hidrocapoeira. Perdi a aula de culinária porque dormi e não vou poder fazer dança de salão porque tenho terapia, mas depois farei outra hidroginástica, mais tarde dança flamenca e quem sabe uma massagem. Minha alimentação se resume a 650 calorias por dia, com tanto exercício físico, já saí da casa dos 90 (uhuh). JANTAR
Tenho dormido bem e acordado descansada às sete horas, antes de vir para cá, acordava depois das nove, me arrastava para o trabalho e não produzia.
Estou me sentindo bem, juro que não sinto fome e sei que quando retornar vou ser muito mais produtiva.
Por falar nisso, alguém sabe me informar que dia é hoje para que eu saiba quantos dias ainda tenho para cuidar de mim?

quinta-feira, 17 de março de 2011

DIÁRIO DO SPA - terceiro dia

Hoje acordei às 6:45 e fiquei esperando que minhas companheiras de quarto
(minha mãe e uma amiga) acordassem. Fui ao banheiro, fiz a higiene pessoal e fui mandar um sms para minha filha.
Minha mãe se incomodou com o barulhinho das teclas.
Ontem dormimos tarde. Participamos de um fórum multidisciplinar com o Dr. Castanho (dono do spa), a nutricionista, o professor de Educação Física e a psicóloga. Foi muito bom, esclarecedor.
Minha mãe, para me alfinetar, perguntou se estava liberada a cerveja uma vez na semana. Lógico que disseram que NÃO!
Ela me olhou com aquele ar de “D Isa Sabe-tudo” e disse: - tá vendo!
Me irritei profundamente, mas sei que ela só fez isso porque antes ela disse que em São Vicente não tinha como dar continuidade ao tratamento e eu disse que ela é que não era persistente e abandonava a fisioterapia, os exercícios e voltava a comer compulsivamente. Desmascarei-a e ela não se conformou.
Aqui no spa tem dessas coisas. A convivência com a privação de alimentos faz com que as verdades apareçam.
Ontem fiz dança de salão e em seguida tai chi, depois fui fazer massagem. Sabem o que mais me aborreceu? A massagem!!! Não via a hora de terminar.
Acho que a psicóloga está certa: stress e ansiedade graves (!)
Hoje acordei com bolhas nos pés e boicotei a caminhada - fui fazer terapia e revivi minhas histórias até mais ou menos os 20 anos...
Estou vendo a chamada na tv da próxima novela das sete. Gente gorda comendo samambaia e coisas do tipo. Tudo mentira. O spa serve para tirar um tempo para cuidar de mim, mesmo que para isso eu tenha que ficar sem carro por um bom tempo - finalmente vendi a caminhonete.
Todo ano acompanho minha mae em spas. Começamos em 1998 em Jau, interior de São Paulo, onde fazíamos caminhadas no meio do canavial, depois passamos anos frequentando o Spa das Conchas em Cabo Frio, quando fechou fomos para o Alquimia, Igaratá até o ano passado quando paramos no Spa Sorocaba, o mais caro, mas também o melhor. Aqui não existe só emagrecimento, mas toda uma preocupação com o ser integral. Estamos aqui desde segunda-feira e, apesar de sentirmos fome às vezes, estamos muito felizes. Estou me sentindo completamente mais leve, trabalhando melhor do que se não estivesse aqui e cheia de gás para retornar ao meu dia a dia.

Aguardem amanhã.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA PARA ASHOKA

1991. Saio do Rio de Janeiro e venho me aventurar no interior de Minas, como uma sonhadora, em busca da concretização de meus ideais.
Formada em Educação Especial pela PUC RJ, decido investir meus conhecimentos em São Vicente de Minas, terra natal de meu pai.
Tarefa nada fácil: sair da Cidade Maravilhosa e viver em uma cidadezinha de apenas cinco mil habitantes; conviver com pessoas de mentalidade interiorana, sendo mãe solteira e carioca.
Mas tinha que concretizar meu sonho. Consegui junto ao prefeito municipal o empréstimo do Prédio da Creche, que devido à extinção da LBA e da inexistência de um órgão substituto, estava sem verba para funcionamento. Precisávamos de um nome. Foi quando Bebeto, um de nossos primeiros alunos, com deficiência intelectual, decide que deveria se chamar Globo Azul - “porque a Terra é azul e nela há lugar para todo mundo”.
Quando vivia no Rio, trabalhava com Marlene Morgado, fellow da Ashoka, com o projeto Solazer, o Clube dos Excepcionais. Marlene me ensinou muito além da prática pedagógica. Ensinou-me a ter garra, a não desistir e que existia a Ashoka, que investia em pessoas com perfil de empreendedor social. Ela me indicou e eu corri atrás.
No final de 1991 recebo a visita de Marta Gil, fellow de São Paulo, que veio conhecer nosso projeto, que já havia deixado de ser um embrião e começava a engatinhar. Achei-a o máximo. Uma mulher culta, inteligente, mas acima de tudo humana. Identificamos-nos e passei pela segunda etapa.
Em 1992, recebemos ajuda de uma família italiana, através do empresário Vittorio Medioli, que acreditou e investiu no projeto. Cinqüenta mil dólares! Única exigência, que mudássemos o nome para Flor Amarela, em homenagem à sua sobrinha, Madalena Medioli, menina italiana, que em férias no Brasil, morreu afogada e foi encontrada num canteiro de flores amarelas. Segundo ele, Madalena havia se sensibilizado com a injustiça social no Brasil, principalmente com as crianças de rua e seu pai, para superar a dor da perda de filha, decidiu investir esse valor em uma pessoa com um projeto social, que estivesse no início, mas em quem se percebia o desejo de crescer. Brinco que mudaria o nome até para “luz vermelha”, desde que recebêssemos a quantia que possibilitaria a reforma do prédio e investimentos para nossa existência. Nessa época, já havíamos nos transferido para um prédio do Estado, antigo grupo escolar, que estava abandonado há 16 anos, ou seja, em situação precária.
Em 1992, grávida do meu segundo filho, tendo que ficar em repouso, devido a um sério problema de coluna, com o prédio em obras e afastada da escola, meus pais assumiram o comando do projeto, sou chamada para a entrevista com o famoso Bill (Bill Drayton, presidente da Ashoka). No oitavo mês de gravidez, em uma pequena sala de um prédio na Glória, um dia de calor carioca, sem falar inglês e Bill não falando português, oito horas de entrevista, um sanduíche de almoço enquanto Bill comia pipocas sem parar, consigo passar por mais uma etapa.
Meses depois, com meu filho recém-nascido, iria passar pela última entrevista, com Maneto, fellow de São Paulo. Não entendia o porquê de tanta conversa, mas estava disposta a ir até o fim. Calor de agosto no Rio de Janeiro, Maneto se atrasa mais de duas horas. Eu estava amamentando e argumento que não poderia me demorar e se poderíamos nos encontrar em outra hora. Ele responde que será uma conversa rápida, porém eu mal conseguia responder às suas perguntas, enquanto meu seio ia aumentando rapidamente. Alguns dias depois fico sabendo que não seria aceita pela Ashoka, pois não havia me saído bem na última entrevista. Ao invés de me conformar e chorar, indignada, enviei uma carta para o escritório no Rio, desabafando e me dizendo injustiçada. Falar em carta soa tão démodé, mas naquela época não existia a internet (só fiquei sabendo o que era e-mail anos depois em uma capacitação da Ashoka).
Alguns meses após minha carta, sou convidada para a seleção de 1993 e, finalmente, aceita.
A bolsa de cerca de 700 dólares mensais, por dois anos, seria a minha salvação. Agora teria como me manter a frente da Flor Amarela.
Isso se a política do município não tivesse mudado e o prefeito que assumiu não tivesse interesse em acabar com nosso projeto. Todo o recurso recebido acabou sendo destinado para compra de alimentos e materiais necessários para escola.
Ainda consegui ampliar a bolsa por mais um ano, mas em 1996 já não podia contar com esse recurso e nenhum outro.
Tentei fechar as portas, apesar da dor de deixar “meus meninos” sem escola. Pensei em voltar para o Rio e tentar conseguir um emprego, mas abandonar o projeto doía tanto quanto cuidar de um filho doente.
Um dia chego à escola para conversar com os profissionais, alguns com salários atrasados há seis meses, para decidirmos como iríamos agir para fechar as portas. Naquela época eu entregava os alunos com dificuldades de locomoção no meu corcelzinho 74, comprado com recursos da Ashoka. Quando retornei para a reunião encontrei uma faixa com os seguintes dizeres: “não pense que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida”, ideia de minha mãe e dos malucos que trabalhavam para mim e que aceitavam ficar sem salário, mas não a idéia de abandonar o que antes era apenas o meu sonho.
Naquele momento, reuni todas as minhas forças e me uni aos Dom Quixotes para lutar contra os moinhos de vento.
Em 1999 nossas dívidas somavam cerca de 40 mil reais. Já não tinha mais o corcel, estávamos cansados de lutar e agora já não dava mais para continuar. Foi quando uma amiga intercedeu por nós e conseguiu sensibilizar o jornalista Pedro Bial que fez uma bela matéria para o programa Fantástico, do qual era apresentador. Oito minutos no programa assistido por 40 milhões de espectadores e mais dois domingos seguidos em quadros como o “estamos de olho” e “balanço do mês” me transformaram em celebridade. De repente todos os problemas do mundo foram embora. Tínhamos recursos suficientes não apenas para quitar nossas dívidas, mas também para nosso crescimento.
Foram anos de exposição na mídia, de apoio de artistas reconhecidos nacionalmente, de investimento no projeto. Mas também de incompreensão e de injustiças que me levaram a um grau de stress tão grande que contraí uma doença provocada pela bactéria escherichia coli que quase me matou. Não morri e como dizia Nietzsche, “o que não me mata, me fortalece”.
Fortalecida, poderei festejar os 20 anos de existência da concretização de meu sonho. A Flor Amarela é, hoje, uma instituição estruturada, com parcerias fortes e, como dizia um ex-prefeito, “antes a Flor Amarela dependia do poder público, hoje é o poder público quem depende da Flor Amarela”.
Em 2010 recebi mais um presente da Ashoka. Fomos indicados para o Projeto Acolher do Movimento Natura e ganhamos um vídeo belíssimo, que mostra a alegria existente em nosso trabalho.
Analisando os últimos 20 anos, posso afirmar que se não fosse o apoio da Ashoka, os cursos de capacitação, a troca com os fellows, não chegaria até aqui. Valeu a pena brigar para fazer parte.
Vale a pena conhecer: www.ahoka.org.br

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

10º LUGAR UFSJ

Meu filho passou no vestibular de Engenharia de Alimentos na Universidade Federal de São João del Rei.

A FORÇA DO BEM - CAPÍTULO 2

Patinha sobreviveu!
Cheguei de viagem e fui ver se ele estava vivo. Qual não foi minha surpresa quando ele veio ao meu encontro, feliz, pulando em mim.
Acho que está cego, o que no caso de um cão é pouca deficiência, uma vez que o faro é mais importante.
Temos que parabenizar o esforço das "Adrianas" e da família da Helena, que acolheram o cão e, infelizmente lamentar a falta de interesse do poder público em montar um abrigo para recolher animais abandonados, optando pelo extermínio.
"TODA VIDA MERECE O ESFORÇO DE QUEM LUTE POR ELA!"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Flor Amarela faz 20 anos - CAPÍTULO 1


Quando vim para esta pacata cidadezinha, mal sabia o que iria encontrar, nem sabia o que iria viver. Vim a convite do prefeito da época, o Prinha, que me deu a chance de começar. Soube muito depois de sua partida que ele me considerava uma chata, exigente. Sinto não ter podido esclarecer que eu só exigia o que seria o melhor para a cidade que ele administrava e não para mim. Passaram-se 20 anos. 
Aqui na cidade que me acolheu e onde meu sonho se tornou realidade, também "comi o pão que o diabo amassou". Explico: a política do interior de Minas é algo que nunca tinha vivenciado. No Rio de Janeiro, onde vivia, nunca tinha conhecido sequer um vereador, só havia militado pelas "DIRETAS JÁ", enfim, tinha a liberdade de escolher os candidatos, possível apenas em um regime democrático. Quando vim para cá aprendi que a realidade era outra. Teria que assumir uma posição e assim perder os amigos que eram do "outro lado". A política aqui era dividida entre PDS e PMDB, ou seja direita e esquerda. Como quem me trouxe para cá foi o Prinha, o prefeito que assumiu depois e que era de oposição, fechou as portas da prefeitura para nós, cortando até mesmo a merenda escolar. Revoltada, me tornei oposição ao governo municipal. Isso foi em 1993, quando me tornava fellow da Ashoka e toda ajuda que tinha para me manter era utilizada para manter a Flor Amarela de portas abertas. Algumas pessoas que trabalhavam comigo ficaram meses sem receber salários, "desviei" uma verba conseguida do governo estadual para compra de medicamentos, e comprei alimentos - achei que se justificasse estaria tudo certo. Quanta ingenuidade... Quem segurou minha barra foi meu pai, me ajudando a me manter aqui, mesmo contra a sua vontade, que sofria vendo sua filha "tão inteligente" passando por todo aquele sofrimento na cidade que ele nasceu.
O tempo passou, e anos depois Prinha volta ao poder, dessa vez como vice-prefeito. Eu e minha família, trabalhamos muito para que isso acontecesse. Após a eleição, peço o apoio do prefeito eleito, mas ele diz que terá que ver o que poderá fazer, que as coisas não são bem assim como eu penso... Sinto que estou sendo descartada e sofro. 
1998 a Flor Amarela está passando por um dos seus piores momentos. Já não temos mais recursos para nos manter. As dívidas se acumulam e não temos mais onde pedir socorro. Decido fechar a escola, mesmo após os funcionários terem feito uma mobilização, colocando uma faixa na frente da escola com os seguintes dizeres: "não pense que a vitória está perdida, se e de batalhas que se vive a vida". Me emociono, choro, sofro, mas tenho que ser realista - não dá mais. 
Uma amiga do Rio vem nos visitar, se encanta com nosso trabalho e quando digo que estamos para fechar as portas, solidária, me conta que é amiga do jornalista Pedro Bial, na época apresentador do Fantástico, e que irá conseguir uma matéria no programa. Confesso que duvido um pouco, mas em janeiro recebo um telefonema do próprio Pedro dizendo que temos uma amiga em comum e que ele próprio virá fazer a matéria. Quase caio dura para trás. Estamos no mês de janeiro e teremos que simular um dia comum de trabalho. Coloco anúncio na rádio, pedindo para os alunos comparecerem à escola, convoco os funcionários e procuro o prefeito para pedir um funcionário para capinar nossa horta. Aproveito a oportunidade para convidá-lo a conversar com o jornalista e explicar o porquê da escola ter chegado na situação que chegou. Ele despreza o convite. Acho que duvidou de mim e me acha chata.
Convido minha amiga Pollyana, jornalista e na época chefe de gabinete para me ajudar a receber a equipe global. Ela presencia toda conversa e vê que, em momento algum, falo mal da administração municipal. Coloco a real situação: não temos como manter o trabalho. No dia 17 de janeiro de 1999 o Fantástico apresenta o vídeo:
 

O QUE NÃO ME MATA, ME FORTALECE!

Recebi uma mensagem do Fábio, meu irmão que dizia: "sabe quando vc teve aquela infecção renal e tremia que nem bambu em dia de ventania? Tenho que te confessar que aquele foi um dos momentos mais lindos da minha vida. É que naquele seu tremilique todo, enrolada num edredon, papai hiper nervoso em te ver naquele estado, te abraça no intuito de te aquecer mais ainda. Ali e em você vi o quanto nosso pai nos amava e faria tudo, até as coisas mais impensáveis para nos salvar. Talvez vc não se lembre disso, afinal sua condição física na hora era terrível, mas aquilo ficará sempre na minha memória. Choro toda vez que me lembro, vc não concorda que foi um momento bonito pacas? Bjs."
Bem, depois disso quem chorou fui eu, e muito.
Quem conheceu meu pai, sabe que ele era uma pessoa incrível, mas durão. Nós filhos sabíamos, que por trás daquela casca existia um homem capaz de tudo pela família.
Sinto saber que meu pai brigou com grande parte de sua família por minha causa, na verdade por causa da política de São Vicente de Minas.
Para quem não sabe, quase morri no ano de 2000. Depois de nove anos investindo no sonho de atender pessoas tão especiais na Flor Amarela, sofri as consequências.
O stress levou uma bactéria chamada escherichia coli a se deslocar do meu intestino e se instalar nos meus rins e quase me levar à óbito. Tinha febre alta, delirava, não comia, desmaiava, fiquei mais de um mês de cama, semi-morta.
Numa dessas que Fábio presenciou a cena de meu pai, me abraçando e tentando me trazer de volta à vida.
Meu Deus, como ele deve ter sofrido.Por sorte, ou intervenção divina, não parti e cá estou contando para vocês o quanto é importante demonstrarmos nosso amor.
Obrigada Fabio, pelo presente que me deu. Saber que nosso pai nos amou tanto, apesar de me dar um aperto no peito, me faz feliz.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

DECISÕES DO INÍCIO DO ANO

Parei de fumar, assim, decidi. Achei que na hora que tomasse cerveja não iria resistir, mas estou firme em minha decisão. Nunca entendi porque fumava, sem ser fumante. De vez em quando me dava vontade e às vezes fumava até um maço, depois tomava pavor de cigarro, do cheiro e ficava dias sem fumar. Assim, decidi, não fumo mais, porque detesto o cheiro de cigarro, a ressaca do cigarro, detesto ver meus filhos adolescentes fumando, como idiotas sem informação.
Vou emagrecer. Decidi que até o fim do ano emagreço 15 quilos, apesar do climatério, mesmo que para isso tenha que parar de tomar cerveja (isso sim um sofrimento).
Não viajo mais no mês de janeiro, nem para ver minha filha amada e de quem morro de saudades.
Tirarei férias em março, abril, mas janeiro não. Não quero mais me sentir prisioneira das chuvas e das tragédias provocadas por ela.

A força do bem

Tirei uma semana de férias e vim matar as saudades de minha filha e da minha terra natal.
De repente me vejo acompanhando a tragédia no Estado provocada pelas chuvas. Estamos ilhadas também, com medo de retornar para Minas porque as estradas que nos levam para São Vicente de Minas estão interditadas, com quedas de barreiras. Para voltar para casa teremos que passar por Petrópolis, Itaipava e, se tentarmos outro caminho, por Itanhandu, ou seja, se correr o bicho pega...
Assistimos ao resgate emocionante da senhora de São José do Rio Preto. Sua casa sendo carregada pelas águas e ela agarrada ao seu cachorrinho, tentando salvá-lo.
Aí fico me lembrando do cão, conhecido como Patinha. Um vira-latas carinhoso, que dava afeto para as pessoas que frequentam o Calçadão de São Vicente em troca de um pouco de comida. Há alguns dias o envenenaram. Eu e Chico tentamos de todas as maneiras salvá-lo e conseguimos. Assim que melhorou um pouco, saiu de casa. Pensamos que tinha morrido até reencontrarmos na casa de outras pessoas que também tentam salvá-lo.
Tive que vir para o Rio, não sei se ele resistiu, mas sei que assim como tentaram matá-lo, vários tentaram salvar a vida do vira-latas, provando que para cada ato de maldade, existem inúmeras atitudes de amor.
Não importa se é um cão, um gato, um precioso cavalo dos haras alagados da região serrana, existem pessoas que se sensibilizam com a vida. Obviamente é mais emocionante o resgate de seres humanos, mas não podemos nos esquecer que a vida é um dom de Deus e Ele sabe quem deve ficar e quem deve partir. Quando vemos os milagres que acontecem em uma tragédia, como o bebê de seis meses resgatado após horas embaixo da terra, sentimos a força de Deus e nos enchemos de Seu amor.