sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
mais uma do Bomba...
SÃO FRANCISCO de Assis é conhecido como o protetor dos animais. Assim também é outro Francisco que conheço, meu marido, Francisco Lucinda Botelho, mais conhecido como Chico Bomba.
Vou explicar a razão do apelido, Chico nasceu e cresceu na fazenda da Bomba, conhecida por este nome porque no passado explodiam dinamites à procura de ouro nas terras da fazenda. Assim, como no interior de Minas tudo é de alguém, o Chico é da Bomba, como toda a família.
Convivendo com meu Chico há mais de 15 anos, estamos sempre aprendendo um com o outro. Há cerca de cinco anos adotei um gato em Cabo Frio e trouxe de presente para ele. Demos o nome de Crispim. Um ano depois, adotamos um cachorrinho abandonado, e demos o nome de Bandit. Um dia, Chico encontrou Crispim morto, envenenado. No dia seguinte, foi a vez de Bandit sofrer com o veneno. Indignamos-nos, demos parte na polícia, colocamos faixa na varanda de casa, dizendo que matar animais de estimação é crime, enfim, agimos, mas nada amenizou nosso sofrimento. Chico sentia como se tivesse perdido um filho.
Continuamos adotando gatos, que sempre desaparecem.
Sofri muito quando o Glint, este bengal que ganhei do meu irmão e que, acredito, tenha sido roubado, desapareceu.
Recentemente aconteceu um fato inédito, que só podia partir do Chico. Um bentevi embaralhou num fio de poste em frente de casa e não conseguia se desvencilhar. Chico ligou para CEMIG, a companhia energética de Minas Gerais, não deu folga para os atendentes. O Gérson, funcionário da CEMIG que reside em São Vicente de Minas, já nem atendia mais seus telefonemas. Eu presenciei uma das conversas, ele dizia para atendente que era uma vida que estava em jogo.
Um dia um amigo do meu filho pediu uma botina emprestada para uma festa junina. Eu peguei a mais velha, logo o Chico veio correndo tomar da minha mão. Na botina ele guardava o dinheiro. Chico não confia nos bancos, acredito.
São inúmeras as histórias do Chico, assim como as expressões que ele usa, tipo: “eu canto igual uma mangava no oco do moirão”, os gêmeos da Fabiana quando nasceram pareciam “filhotes de pica-pau no buraco do cupim”, esbudegado, quer dizer que ele está cansado e todo mundo é bobado. Esses dias Paulo, meu primo, estava falando sobre a piscina de sua casa, Chico fez a seguinte comparação: ”piscina é que nem mulher da gente, dá muito trabalho e muito gasto para pouco uso”, apesar da fala machista ele não é nada disso, é um homem carinhoso, marido amoroso, excelente pai de família.
Depois que aprendi a lidar com ele, a relevar certas gracinhas sem graça, estamos vivendo bem. Tá certo que a fluoxetina também ajuda...
Chico é uma figura!
terça-feira, 26 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Recebi a feliz notícia que o vídeo do Movimento Natura ficou pronto.
O vídeo é lindo, embora eu esteja horrível - descabelada, gorda e com ar de cansaço - que falta faz uma bela maquiagem...
Decidi assumir que não sou escritora, apenas uma contadora de causos (valeu André) e dividir com vocês essa minha experiência.
Quando recebi o telefonema da Ashoka para participar do projeto, o mais interessante como o convite foi feito: "Oi Renata, você vive reclamando que a gente não te convida para nada, então agora vai ter um projeto da Natura e gostaríamos que você participasse" - pensei: "que bom que reclamo...",
..."O problema é que você não tem muito tempo para pensar, pois daqui há 10 dias você deverá embarcar para Santarém para conhecer o projeto Saúde e Alegria e depois você receberá alguém na Flor Amarela."
Respondi: "pensar pra que? Tô dentro, me viro"
Dias depois mudam o roteiro e vou para Santa Catarina, mais precisamente em Santa Rosa de Lima conhecer o "Acolhida na Colônia" - já contei essa história.
Acham que pensei: "que legal, vou sair da roça e fazer turimo rural... yes..." - erraram, na verdade pensei: "sou mesmo cagada de urubu, mas fazer o que, né, não posso perder a oportunidade."
A experiência foi muito legal e fui muito bem acolhida em Santa Catarina, aprendi muito e voltei consciente de que era uma realidade muito próxima da minha, mas, confesso, fiquei com aquela sensação de perda...Ai, que vontade de ir pra Santarém....
A equipe de filmagem foi sensacional. Arthur fez São Vicente de Minas parecer uma cidade histórica, uma Tiradentes, Mariana, a diretora, conseguiu captar minha alma e Aline, a mulher claquete, produtora baixinha e arretada (alagoana) cuidou de tudo com perfeição.
Bem agora, chega de prosa, assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=-tFbKIEDJEo&feature=player_embedded
mas por favor, não me olhe, apenas me ouça.
O vídeo é lindo, embora eu esteja horrível - descabelada, gorda e com ar de cansaço - que falta faz uma bela maquiagem...
Decidi assumir que não sou escritora, apenas uma contadora de causos (valeu André) e dividir com vocês essa minha experiência.
Quando recebi o telefonema da Ashoka para participar do projeto, o mais interessante como o convite foi feito: "Oi Renata, você vive reclamando que a gente não te convida para nada, então agora vai ter um projeto da Natura e gostaríamos que você participasse" - pensei: "que bom que reclamo...",
..."O problema é que você não tem muito tempo para pensar, pois daqui há 10 dias você deverá embarcar para Santarém para conhecer o projeto Saúde e Alegria e depois você receberá alguém na Flor Amarela."
Respondi: "pensar pra que? Tô dentro, me viro"
Dias depois mudam o roteiro e vou para Santa Catarina, mais precisamente em Santa Rosa de Lima conhecer o "Acolhida na Colônia" - já contei essa história.
Acham que pensei: "que legal, vou sair da roça e fazer turimo rural... yes..." - erraram, na verdade pensei: "sou mesmo cagada de urubu, mas fazer o que, né, não posso perder a oportunidade."
A experiência foi muito legal e fui muito bem acolhida em Santa Catarina, aprendi muito e voltei consciente de que era uma realidade muito próxima da minha, mas, confesso, fiquei com aquela sensação de perda...Ai, que vontade de ir pra Santarém....
A equipe de filmagem foi sensacional. Arthur fez São Vicente de Minas parecer uma cidade histórica, uma Tiradentes, Mariana, a diretora, conseguiu captar minha alma e Aline, a mulher claquete, produtora baixinha e arretada (alagoana) cuidou de tudo com perfeição.
Bem agora, chega de prosa, assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=-tFbKIEDJEo&feature=player_embedded
mas por favor, não me olhe, apenas me ouça.
sábado, 16 de outubro de 2010
A INVEJA É UMA M....
Minha filha está em Paris...
Estou sofrendo de saudades, mas principalmente de inveja.
Como eu sonho em um dia ir a Paris...
Ver a Torre Eiffel, passar sob o Arco do Triunfo, ouvir aquele sotaque gostoso, visitar o Louvre, mas acho que só na outra encarnação, porque nesta optei por ser educadora no Brasil e casar com um “bicho do mato”.
Meu salário de funcionária pública não dá nem para sonhar.
Hoje encontrei Dona Meire, uma senhorinha super simpática que acaba de chegar da Espanha. Foi acompanhando o filho e a nora.
Acho que vou esganar meu genro quando ele voltar.
Vou dizer que quando tiverem filhos não irei ajudá-los, como toda boa avó.
Vou ameaçar nunca mais tomar cerveja nem vinho com ele e que vou virar “a sogra”.
Farei tudo para que se sintam culpados por não terem me levado com eles.
Estou sofrendo de saudades, mas principalmente de inveja.
Como eu sonho em um dia ir a Paris...
Ver a Torre Eiffel, passar sob o Arco do Triunfo, ouvir aquele sotaque gostoso, visitar o Louvre, mas acho que só na outra encarnação, porque nesta optei por ser educadora no Brasil e casar com um “bicho do mato”.
Meu salário de funcionária pública não dá nem para sonhar.
Hoje encontrei Dona Meire, uma senhorinha super simpática que acaba de chegar da Espanha. Foi acompanhando o filho e a nora.
Acho que vou esganar meu genro quando ele voltar.
Vou dizer que quando tiverem filhos não irei ajudá-los, como toda boa avó.
Vou ameaçar nunca mais tomar cerveja nem vinho com ele e que vou virar “a sogra”.
Farei tudo para que se sintam culpados por não terem me levado com eles.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
ELISA
Elisa, do sorriso contagiante.
Linda desde menina
Infinita é nossa dor
Saudades irá deixar
Amada sempre será
Elisa é mãe de Otávio, aluninho da nossa creche, de apenas quatro anos.
Elisa partiu ontem, após lutar anos contra o lúpus, uma doença terrível e incurável.
Até o final resistiu bravamente, por seus filhos, por sua família, pelas pessoas que amava.
Deixou uma tristeza enorme na nossa pequena cidade, mas temos certeza que foi muito bem recebida na espiritualidade e que temos mais um anjo a zelar por nós.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
LIVROS
Hoje terminei de ler o livro “A última música”. Dormi mais tarde e acordei mais cedo para poder terminar a leitura.
Tenho um sério problema com livros.
Tenho um sério problema com livros.
Os romances, meus prediletos, me transportam, eu vivo as histórias, me transformo no personagem. No caso do livro citado, terminei aos prantos. Nos últimos quatro dias por alguns momentos eu não era a Renata, sim Verônica.
Como gostaria de escrever como um escritor ou ao menos como um poeta.
Quando leio o blog do Marcio (euseicozinhar.blogspot.com) ou da Fernanda (lidocomnumerosmasgostodeletras.blogspot.com), sinto que sempre falta algo no que escrevo.
Eles escrevem com tanta propriedade que chego a me arrepender de ter escolhido Pedagogia ao invés de Jornalismo.
Sou leitora.
Leio desde que me entendo por gente.
Minha mãe diz que aprendi a ler sozinha, aos 4 anos ( ! ) e passei minha infância preferindo os finais de semana lendo gibis no casarão da Nena do que brincando com amigos da mesma idade. Minha prima Martha briga comigo até hoje porque nas nossas férias eu preferia ficar lendo do que brincar ou até mesmo ir a praia. Na pré-adolescência adorava passar férias na casa da tia Glorinha porque minhas primas, mais velhas que eu, colecionavam fotonovelas e eu amava passar os dias lendo. Já na adolescência eu é quem colecionava – Julia e Sabrina, aqueles romances melosos que se compra em bancas de jornal.
Quando entrei na faculdade, quis ser intelectual. Aí lia José Saramago, mesmo odiando, e era sócia do Clube do Livro (alguém se lembra?). Sidnei Sheldon, Agatha Cristie, Marion Zimmer, todos eram devorados por mim.
Sempre fui excelente aluna e adorava o curso de Pedagogia. Adorava estudar a Educação ao longo da história, adoro histórias. E lia até Platão!
Chego à meia idade mais voraz na leitura, principalmente agora que é tão fácil comprar pela internet e com preços acessíveis. Gosto do prazer de receber os livros, de manuseá-los de escolher qual vou ler primeiro, de iniciar a leitura, de viver a história.
Confesso que agora está mais difícil estudar.
Prefiro a prática do que a teoria.
Prefiro a prática do que a teoria.
Admito também que não leio nada que não goste, mesmo que digam que é importante.
Dificilmente deixo de ler um livro até o fim, mas já fiz isso com Neve e Memórias de uma Gueixa. Não me prenderam. Em compensação já li quase todos os romances espíritas da Zíbia Gaspareto, Mônica de Castro e Marcelo Cezar. Já fui devoradora também de livros de auto-ajuda, mas hoje não preciso mais. Eu sou uma hiena, vou querer aprender mais o que?
Há três anos comprei um livro chamado “Como escrever como um escritor”...
Não terminei a leitura e preferi continuar escrevendo como a tola que sou.
Sei que nunca serei uma escritora, como sonhava, mas já tenho meus seguidores neste blog, que aprovam minhas tolices e isso me faz rir.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
DIA DO IDOSO
Hoje, 27 de setembro, é comemorado o DIA DO IDOSO.
Confesso que fiquei sabendo a pouco e me senti na obrigação de escrever sobre essa história de "ser idoso".
O tempo é muito relativo.
Outro dia ouvi no rádio um cantor dizendo que tem uma filha de 10 anos, então se perguntarmos para ela o significado de 5 anos, ela dirá que é muito, afinal é metade da vida dela, mas para nós 5 anos é quase nada. Li uma frase que também resume essa história de tempo: "os dias são longos, mas os anos são curtos".
Fui fazer um curso no SESC Venda Nova em Belo Horizonte há alguns meses e no local estava tendo um encontro da terceira idade. Nunca vi uma galera mais animada e feliz. Em plena quarta-feira estavam na piscina, ouvindo música, dançando, tomando cerveja. Morri de inveja!
Horrível essa cultura ocidental de achar que o que ficou velho é para ser descartado. Estamos na era da reciclagem! Vamos reciclar nossos valores, nossos conceitos, nossas atitudes. Vamos aprender a nos reciclar, reaproveitando nossas sobras.
Quando perguntaram para Tônia Carreiro como era envelhecer ela respondeu: “só temos duas opções: envelhecer ou morrer”.
Eu quero envelhecer, adiando ao máximo minha partida. Quero conhecer meus netos e bisnetos e agradeço a Deus por viver numa época com tanta tecnologia e medicamentos, assim poderei envelhecer com qualidade de vida.
Ainda vou tomar cerveja em plena quarta-feira, dançando na beira da piscina, flertando, sem culpa nenhuma, me sentindo a mais bela das senhoras. Só espero que o Chico possa sobreviver para ver isso.
Como diz o grande Juca Chaves: "VELHO É QUEM SE ILUDE, QUE A IDADE É JUVENTUDE, SER JOVEM É SABER ENVELHECER".
Confesso que fiquei sabendo a pouco e me senti na obrigação de escrever sobre essa história de "ser idoso".
O tempo é muito relativo.
Outro dia ouvi no rádio um cantor dizendo que tem uma filha de 10 anos, então se perguntarmos para ela o significado de 5 anos, ela dirá que é muito, afinal é metade da vida dela, mas para nós 5 anos é quase nada. Li uma frase que também resume essa história de tempo: "os dias são longos, mas os anos são curtos".
Fui fazer um curso no SESC Venda Nova em Belo Horizonte há alguns meses e no local estava tendo um encontro da terceira idade. Nunca vi uma galera mais animada e feliz. Em plena quarta-feira estavam na piscina, ouvindo música, dançando, tomando cerveja. Morri de inveja!
Horrível essa cultura ocidental de achar que o que ficou velho é para ser descartado. Estamos na era da reciclagem! Vamos reciclar nossos valores, nossos conceitos, nossas atitudes. Vamos aprender a nos reciclar, reaproveitando nossas sobras.
Quando perguntaram para Tônia Carreiro como era envelhecer ela respondeu: “só temos duas opções: envelhecer ou morrer”.
Eu quero envelhecer, adiando ao máximo minha partida. Quero conhecer meus netos e bisnetos e agradeço a Deus por viver numa época com tanta tecnologia e medicamentos, assim poderei envelhecer com qualidade de vida.
Ainda vou tomar cerveja em plena quarta-feira, dançando na beira da piscina, flertando, sem culpa nenhuma, me sentindo a mais bela das senhoras. Só espero que o Chico possa sobreviver para ver isso.
Como diz o grande Juca Chaves: "VELHO É QUEM SE ILUDE, QUE A IDADE É JUVENTUDE, SER JOVEM É SABER ENVELHECER".
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
LILA LINDA
Linda, você chegou sem avisar
Única, soube se impor em minha vida
Infinito é meu amor por você
Silencia meu coração inquieto
Amor, sublime amor...
Sempre soube que tinha uma relação muito intensa com Luísa. Desde que me descobri grávida, aos 19 anos. Meu avô, até então minha alma gêmea, estava muito doente, minha madrinha também, minha mãe se desdobrando entre os hospitais e eu cuidando da Fabiana, minha irmãzinha, que estava com rubéola. Quer mais?
Eu tinha terminado o namoro quando me descobri grávida.
Desesperada, penso em matar e morrer, até tomar um banho e passar a mão na minha barriga e sentir que ali pulsava uma vida, então nada mais teve importância. Tive a certeza de que tudo daria certo.
Ainda demorei quatro meses para que todos soubessem que estava grávida, afinal tinha medo, do meu pai, mineirão e de minha mãe, uma paulista do interior ambos impregnados dos valores tradicionais da época.
Sofri, mas não mais do que quando meu avô morreu depois do Natal e minha madrinha antes do meu aniversário de 20 anos.
Acho que a vivência da morte de pessoas tão queridas tornou mais fácil aceitação da vida fora de hora.
Curiosamente minha barriga só apareceu depois que eu contei para meus pais. E olha que eu já estava entrando no 5º mês. Contei a tarde e a noite já não tinha mais roupas que servissem.
Curiosamente minha barriga só apareceu depois que eu contei para meus pais. E olha que eu já estava entrando no 5º mês. Contei a tarde e a noite já não tinha mais roupas que servissem.
Durante minha gravidez passei muito bem, ninando Fabiana no meu colo, em cima daquele barrigão e me preparando para receber o Luís, em homenagem ao meu avô. Naquela época, há 27 anos, as ultra-sonografias não eram confiáveis e haviam me dito que esperava um menino. O mais engraçado é que quando sonhava via uma menina em meus sonhos e não conseguia organizar um enxoval masculino.
Quando saí da sala de cirurgia, ainda sobre efeito da anestesia, digo para minha mãe: “é Luísa com s e acento no i”.
Luísa nasceu no dia 24 de julho, tornando-me uma mulher plena, feliz.
Atualmente é ela a minha alma gêmea.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
PLAGIANDO O MARCIO...
Filhos...
Despertam em nós os melhores e piores sentimentos.
Os filhos homens - tenho três - têm o dom de me enlouquecer.
Luís Guilherme, 18 anos, é o mais ciumento, o mais exigente e o mais briguento. Sozinho, gripado e carente em São João del Rei, onde mora, me liga implorando que eu vá para lá cuidar dele. Saio de São Vicente às 17h30min, sozinha, sem o documento do carro e vou acudi-lo. Vamos ao cinema, assistir NOSSO LAR, depois comer uma pizza enquanto esclareço suas dúvidas sobre o filme. Durmo em sua casa, no dia seguinte faço faxina no seu quarto e saímos para comprar o que necessita. Volto para casa com uma sensação boa, satisfeita por ter tido meu filhote de volta, afinal há poucos dias ele dizia que iria prestar vestibular bem longe, porque eu não dava folga. Acho que ele percebeu, no auge da adolescência, que mãe serve para alguma coisa além de mandar dinheiro.
Quero que ele saiba que se precisar de mim lá onde Judas perdeu as botas, terei a mesma disponibilidade, afinal sou mãe.
Chiquinho é meu enteado, fez 21 anos dia 23 de setembro. Desde que conheci seu pai que tentamos trazê-lo para nosso convívio, mas sua mãe resistia. Aos 13 anos, rebela-se e sua mãe não consegue mais ter controle. Sobrou pra quem? Deu trabalho este moleque. Fazia tudo que não podia, tudo para chamar a atenção. Não foi fácil. Castigo daqui, algumas surrinhas dali, limite ao extremo, depois de muita luta e persistência, conseguimos obter bons resultados. Chiquinho é hoje funcionário da escola, bom filho, companheiro, sossegado, às vezes faz besteira (QUEM NÃO FAZ?), mas faz parte do aprendizado. Quero que ele saiba que se fosse preciso faria tudo de novo.
Agora chegamos ao caçula, Kauã.
Quando eu me preparava para ser avó, meu marido me diz que vamos adotar um menino. Resisti, mostrei para ele que estávamos passando por problemas com nossos adolescentes e que quando o menino chegasse à adolescência estaríamos 10 anos mais velhos e com menos disposição. Luís Guilherme não aceitava mais um irmão, enfim, usei todos os argumentos possíveis, mas quando um filho é destinado para alguém, nada se pode fazer para impedir que isto aconteça. Kauã é uma benção na vida deste casal de meia idade.
Chico, meu marido, também é meio filho. Como todo homem, precisa de uma mulher que cuide.
Tenho também uma filha, Luísa, mas aí é uma outra história...
Despertam em nós os melhores e piores sentimentos.
Os filhos homens - tenho três - têm o dom de me enlouquecer.
Luís Guilherme, 18 anos, é o mais ciumento, o mais exigente e o mais briguento. Sozinho, gripado e carente em São João del Rei, onde mora, me liga implorando que eu vá para lá cuidar dele. Saio de São Vicente às 17h30min, sozinha, sem o documento do carro e vou acudi-lo. Vamos ao cinema, assistir NOSSO LAR, depois comer uma pizza enquanto esclareço suas dúvidas sobre o filme. Durmo em sua casa, no dia seguinte faço faxina no seu quarto e saímos para comprar o que necessita. Volto para casa com uma sensação boa, satisfeita por ter tido meu filhote de volta, afinal há poucos dias ele dizia que iria prestar vestibular bem longe, porque eu não dava folga. Acho que ele percebeu, no auge da adolescência, que mãe serve para alguma coisa além de mandar dinheiro.
Quero que ele saiba que se precisar de mim lá onde Judas perdeu as botas, terei a mesma disponibilidade, afinal sou mãe.
Chiquinho é meu enteado, fez 21 anos dia 23 de setembro. Desde que conheci seu pai que tentamos trazê-lo para nosso convívio, mas sua mãe resistia. Aos 13 anos, rebela-se e sua mãe não consegue mais ter controle. Sobrou pra quem? Deu trabalho este moleque. Fazia tudo que não podia, tudo para chamar a atenção. Não foi fácil. Castigo daqui, algumas surrinhas dali, limite ao extremo, depois de muita luta e persistência, conseguimos obter bons resultados. Chiquinho é hoje funcionário da escola, bom filho, companheiro, sossegado, às vezes faz besteira (QUEM NÃO FAZ?), mas faz parte do aprendizado. Quero que ele saiba que se fosse preciso faria tudo de novo.
Agora chegamos ao caçula, Kauã.
Quando eu me preparava para ser avó, meu marido me diz que vamos adotar um menino. Resisti, mostrei para ele que estávamos passando por problemas com nossos adolescentes e que quando o menino chegasse à adolescência estaríamos 10 anos mais velhos e com menos disposição. Luís Guilherme não aceitava mais um irmão, enfim, usei todos os argumentos possíveis, mas quando um filho é destinado para alguém, nada se pode fazer para impedir que isto aconteça. Kauã é uma benção na vida deste casal de meia idade.
Chico, meu marido, também é meio filho. Como todo homem, precisa de uma mulher que cuide.
Tenho também uma filha, Luísa, mas aí é uma outra história...
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O TEMPO NÃO PARA...
Gerson e Silvinha são irmãos e meus primos. Sempre fomos muito ligados.
Nos conhecemos desde sempre.
Podemos passar anos sem nos encontrar que o reencontro será marcado de muito amor. É como se o tempo não existisse e tivéssemos apenas virado uma página.
Durante nossa infância e adolescência, meus pais saiam do Rio de Janeiro, onde vivíamos, para passarmos férias em Praia Grande , litoral paulista. As praias do Rio sempre foram muito melhores, mas a companhia dos primos e amigos da Praia Grande fazia toda a diferença. Meus pais não tinham noção. Levavam quatro filhos para passar as férias na casa dos tios que tinham mais três filhos.
A criançada toda junta fazia a festa, a tia Arlete quase enlouquecia e tio Zinho quase ia a falência.
E assim era um tal de “Rê, Fê, Si, San, Su, Ge, Rô vamo pra Monga de bici?” Tradução: “Renata, Fernanda, Silvia, Sandra, Sueli, Gerson, Rogério, vamos para Mongaguá de bicicleta?” Fabio e Eduardo eram mais novinhos, mas sempre fizeram parte das brincadeiras que ainda tinha o Paulinho, o Charles, o Jaime, o Juninho, uma galera sem fim e inesquecível. Às vezes faço o tempo voltar relendo as cartas que guardo até hoje. Coisas que a juventude de agora não conseguirá.
Desde o ano passado, Gerson tem vindo para São Vicente com muita freqüência. Apaixonou-se por Rianny, minha quase filha e até alugou um sítio aqui, local de muita festa e momentos inesquecíveis. As filhas de Gerson e a filha da Silvia amam nosso “Pedacinho do Céu”, e isso acaba trazendo seus pais para cá com uma freqüência ainda maior.
Na última segunda-feira, recesso do feriadão de 7 de setembro, chegamos do Hotel Fazenda Marinho, depois de um fim de semana pra lá de aproveitado, para comemorarmos os 48 anos de casório do tio Zinho e da tia Arlete.
Fernanda caiu do cavalo e quebrou a mão, assim ficou só um pouquinho, Rogério e Fabio não vieram, mas da galera antiga ficamos eu, Gerson, Silvinha e Eduardo e resolvemos reproduzir uma foto da nossa infância. Com a ajuda de Luísa, minha filha, do Klaus, meu primo e que acha que faz parte também deste lado da família tiramos a foto. Com muita dificuldade, pois Silvinha não parava de rir.
Agora vamos mandar fazer as cópias e colocar em nossas casas.
Como disse o Gerson, nossos fígados sobreviveram, mas o melhor de tudo é que nossa amizade é maior que todo e qualquer problema do mundo.
O amor faz o tempo parar.
domingo, 22 de agosto de 2010
Saga Acolher
Acabo de chegar de Santa Catarina, onde fui participar da Saga Acolher, projeto da Natura. Entre milhares de empreendedores sociais desse Brasilzão fui uma das quatro escolhidas. Confesso que estou me sentindo "no céu".
Fui conhecer o "Acolhida na Colônia", um projeto muito legal da Taíse, outra empreendedora selecionada. Ela conseguiu desenvolver o turismo rural numa região antes inóspita e onde a evasão da população rural era grande. Hoje os filhos dos agricultures, que foram para cidade, estão retornando. Fiquei empolgadíssima para trazer o projeto para nossa região.
Muito bom ver que as pessoas estão gostando da vida simples e que cada vez mais pessoas se preocupam com o bem estar dos outros.
Taíse foi conhecer o "Saúde e Alegria" em Santarém e eu voltei morrendo de inveja dela. Queria continuar na saga, apesar do cansaço. Por fim alguém do projeto "Casa da Criança" de Fortaleza virá para São Vicente de Minas conhecer a Flor Amarela.
Hoje penso que não foi fácil chegar até aqui.
No início de nosso trabalho, houve muita resistência da comunidade local. Afinal os deficientes viviam escondidos em suas casas e a comunidade os desconhecia. Com paciência e persistência fomos conquistando famílias e apoio. A princípio, da Câmara Municipal e da Prefeitura, que nos cederam espaços para cursos e atendimentos. Decidimos também apresentar à comunidade, aquelas pessoas que viviam escondidas em suas casas, algumas sequer conheciam sua imagem, levando-as para Praça, para igreja, chocando a sociedade da época.
Hoje, domingo, dia 22 de agosto de 2010, promovemos um "abraço na praça", ato simbólico de apoio das pessoas da cidade, uma das atividades da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A praça estava lotada, a banda tocava, foi uma glória.
É ou não é para eu "me sentir"?
Fui conhecer o "Acolhida na Colônia", um projeto muito legal da Taíse, outra empreendedora selecionada. Ela conseguiu desenvolver o turismo rural numa região antes inóspita e onde a evasão da população rural era grande. Hoje os filhos dos agricultures, que foram para cidade, estão retornando. Fiquei empolgadíssima para trazer o projeto para nossa região.
Muito bom ver que as pessoas estão gostando da vida simples e que cada vez mais pessoas se preocupam com o bem estar dos outros.
Taíse foi conhecer o "Saúde e Alegria" em Santarém e eu voltei morrendo de inveja dela. Queria continuar na saga, apesar do cansaço. Por fim alguém do projeto "Casa da Criança" de Fortaleza virá para São Vicente de Minas conhecer a Flor Amarela.
Hoje penso que não foi fácil chegar até aqui.
No início de nosso trabalho, houve muita resistência da comunidade local. Afinal os deficientes viviam escondidos em suas casas e a comunidade os desconhecia. Com paciência e persistência fomos conquistando famílias e apoio. A princípio, da Câmara Municipal e da Prefeitura, que nos cederam espaços para cursos e atendimentos. Decidimos também apresentar à comunidade, aquelas pessoas que viviam escondidas em suas casas, algumas sequer conheciam sua imagem, levando-as para Praça, para igreja, chocando a sociedade da época.
Hoje, domingo, dia 22 de agosto de 2010, promovemos um "abraço na praça", ato simbólico de apoio das pessoas da cidade, uma das atividades da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A praça estava lotada, a banda tocava, foi uma glória.
É ou não é para eu "me sentir"?
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Questionamentos sobre EDUCAÇÃO
Lixo nas ruas, falta de respeito com seus semelhantes, banalização da vida, agressividade gratuita, corrupção, derrubada de florestas, pedofilia, trânsito caótico, alcoolismo, tráfico, desemprego, tudo é questão de educação.
Então por que em nosso país a Educação é tão desvalorizada?
Por que professores ganham até menos que um salário mínimo?
Por que aqueles que ajudam as pessoas a se tornarem médicos, dentistas, jornalistas, empresários... são tão pouco valorizadas?
Como diz Içami Tiba:
“Não existe alguém, que nunca teve um professor na vida,
Assim como não há ninguém que nunca tenha tido um aluno.
Se existem analfabetos, provavelmente não é por vontade dos professores.
Se existem letrados, é porque um dia tiveram professores.
Se existem prêmios Nobel, é porque alunos superaram seus professores.
Se existem grandes sábios, é porque transcenderam suas funções de professores.
Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.
Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.”
Quero ver o professor ser valorizado neste país. Quero ver o jovem desejando ser professor. Desejo que nunca mais ninguém tenha vergonha do salário de professor....
Então por que em nosso país a Educação é tão desvalorizada?
Por que professores ganham até menos que um salário mínimo?
Por que aqueles que ajudam as pessoas a se tornarem médicos, dentistas, jornalistas, empresários... são tão pouco valorizadas?
Como diz Içami Tiba:
“Não existe alguém, que nunca teve um professor na vida,
Assim como não há ninguém que nunca tenha tido um aluno.
Se existem analfabetos, provavelmente não é por vontade dos professores.
Se existem letrados, é porque um dia tiveram professores.
Se existem prêmios Nobel, é porque alunos superaram seus professores.
Se existem grandes sábios, é porque transcenderam suas funções de professores.
Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.
Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.”
Quero ver o professor ser valorizado neste país. Quero ver o jovem desejando ser professor. Desejo que nunca mais ninguém tenha vergonha do salário de professor....
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
HOMENS, ETERNOS MENINOS
Vocês já perceberam como os homens são sempre meninos?
Observe um grupo de homens jogando bola, ou melhor, observe os homens em grupo...
Transformam-se, viram meninos.
Isso me atrai.
Sempre achei interessante trabalhar com a Educação Especial por este poder que a pessoa com deficiência tem de permanecer criança.
Os homens também são assim. E os que não conseguem, ficam tristes, emburrados.
Adoro homens com cara de menino.
sábado, 7 de agosto de 2010
Flor que brotou em nosso jardim
Ainda que o acreditássemos estéril
Bateu forte em nosso peito
Impossibilitando-nos de lhe dizer não
Aprendeu a ser uma de nós, como se gerada no mesmo ventre
Nascida não foi da mesma barriga
Aliás você não saiu de nós, sim entrou em nossas vidas
Além das nossas expectativas, você foi se desenvolvendo
Reunindo nossa família que naturalmente se dispersava
Aliando-se a nós, provocou-nos uma mudança
Nos despertando o mais puro dos sentimentos
Tratando de nos fazer crianças novamente
Escolhida, não foste a toa, entre dezenas
Sincero é, portanto, o amor que lhe entregamos
Você nos trouxe a paz
Iluminando nosso caminho
Luz que é para nossas vidas
Levando-nos a crer em dias melhores
Esperança trouxe a nossos corações
Linda criança,
Amor!
Escrito em 1982, quando Fabiana entrou em nossas vidas
terça-feira, 3 de agosto de 2010
DIONE
A história de Dione com a Flor Amarela começa em 1999 quando ela perde a visão um ano antes. Até os 22 anos de idade era uma jovem como outra qualquer, ativa, animada, tinha namorado, freqüentava a danceteria, porém, por conta de uma neurite no nervo ótico, Dione perdeu a visão e se trancou em casa, cortou os cabelos, terminou o namoro, “morreu para o mundo”.
Após assistir ao programa Fantástico e ver a escola Flor Amarela que estava ali tão perto, decidiu nos procurar. Nunca tínhamos trabalhado com cegos, mas se a proposta do trabalho era não discriminar nem por tipo de deficiência, nem por idade cronológica, devíamos aceitar também este desafio. Assim começamos. Sensibilizamos uma professora que acompanhou Dione ao Instituto Benjamim Constant no Rio de Janeiro para que, enquanto ela aprendesse o Braille, a professora se especializasse em deficientes visuais. Na época Dione não aceitava a sua deficiência, ainda tinha esperanças de voltar a enxergar e se recusou a permanecer no Instituto. A professora Silvana continuou e voltou, quatro meses depois, apta para trabalhar com Dione ou qualquer deficiente visual que nos procurasse.
E, 1992, quando eu pleiteava uma bolsa na Ashoka Empreendedores Sociais ( www.ashoka.org.br), Marta Gil, fellow da Ashoka, nos visitou e contou a história de uma mulher russa que, na década de 60 conseguiu desenvolver uma sensibilidade tátil com as mãos e “enxergava” as cores. A história não saia de minha cabeça e envolvi a professora para tentarmos fazer o mesmo com Dione. Então entrei em contato com Marta que, apesar de já haver passado muito tempo, se lembrou de nós, da história e mandou um texto, antigo, porém agora sabíamos que havia um amparo teórico. Mais seguras continuamos investindo e acreditando que Dione conseguiria. Com tempo e persistência conseguimos que Dione também desenvolvesse esta sensibilidade. Quanto orgulho!
Ninguém acreditava.
Nem no Instituto Benjamim Constant conheciam tal história, mas nós sabíamos que era verdade. Na Oficina de tecelagem, Dione escolhe as cores que irá trabalhar no tear.
Lógico que existem fatores externos que podem interferir, tais como nervosismo, suor nas mãos, dentre outros, mas em situações tranqüilas, segura, ela consegue.
Um dia, em São João del Rei, em uma mostra de artistas com deficiência, levamos Dione e outros de nossos artistas. A apresentação seria de Marcos Frota, o ator global que é reconhecido como porta-voz das pessoas com deficiência. Quando ele chegou apresentei Dione e contei de sua habilidade. Nunca esperava a reação dele.
Começou a debochar dizendo que iria levá-la para o seu circo (que deve ser de horrores) como a ceguinha que vê as cores. E mais (!), perguntava: “qual a cor da cueca daquele menino ali?”.
Que Deus tenha piedade dele!
Dione hoje é capaz, participa ativamente da Oficina de Tecelagem, é alegre, deixou os cabelos crescerem, voltou a freqüentar a danceteria, namora, só ainda não teve coragem de encarar um emprego, mas estamos trabalhando para que ela se sinta segura. Tivemos que trabalhar também sua família, para que deixasse de vê-la como coitadinha e passassem a respeitá-la como pessoa capaz, EFICIENTE.
Após assistir ao programa Fantástico e ver a escola Flor Amarela que estava ali tão perto, decidiu nos procurar. Nunca tínhamos trabalhado com cegos, mas se a proposta do trabalho era não discriminar nem por tipo de deficiência, nem por idade cronológica, devíamos aceitar também este desafio. Assim começamos. Sensibilizamos uma professora que acompanhou Dione ao Instituto Benjamim Constant no Rio de Janeiro para que, enquanto ela aprendesse o Braille, a professora se especializasse em deficientes visuais. Na época Dione não aceitava a sua deficiência, ainda tinha esperanças de voltar a enxergar e se recusou a permanecer no Instituto. A professora Silvana continuou e voltou, quatro meses depois, apta para trabalhar com Dione ou qualquer deficiente visual que nos procurasse.
E, 1992, quando eu pleiteava uma bolsa na Ashoka Empreendedores Sociais ( www.ashoka.org.br), Marta Gil, fellow da Ashoka, nos visitou e contou a história de uma mulher russa que, na década de 60 conseguiu desenvolver uma sensibilidade tátil com as mãos e “enxergava” as cores. A história não saia de minha cabeça e envolvi a professora para tentarmos fazer o mesmo com Dione. Então entrei em contato com Marta que, apesar de já haver passado muito tempo, se lembrou de nós, da história e mandou um texto, antigo, porém agora sabíamos que havia um amparo teórico. Mais seguras continuamos investindo e acreditando que Dione conseguiria. Com tempo e persistência conseguimos que Dione também desenvolvesse esta sensibilidade. Quanto orgulho!
Ninguém acreditava.
Nem no Instituto Benjamim Constant conheciam tal história, mas nós sabíamos que era verdade. Na Oficina de tecelagem, Dione escolhe as cores que irá trabalhar no tear.
Lógico que existem fatores externos que podem interferir, tais como nervosismo, suor nas mãos, dentre outros, mas em situações tranqüilas, segura, ela consegue.
Um dia, em São João del Rei, em uma mostra de artistas com deficiência, levamos Dione e outros de nossos artistas. A apresentação seria de Marcos Frota, o ator global que é reconhecido como porta-voz das pessoas com deficiência. Quando ele chegou apresentei Dione e contei de sua habilidade. Nunca esperava a reação dele.
Começou a debochar dizendo que iria levá-la para o seu circo (que deve ser de horrores) como a ceguinha que vê as cores. E mais (!), perguntava: “qual a cor da cueca daquele menino ali?”.
Que Deus tenha piedade dele!
Dione hoje é capaz, participa ativamente da Oficina de Tecelagem, é alegre, deixou os cabelos crescerem, voltou a freqüentar a danceteria, namora, só ainda não teve coragem de encarar um emprego, mas estamos trabalhando para que ela se sinta segura. Tivemos que trabalhar também sua família, para que deixasse de vê-la como coitadinha e passassem a respeitá-la como pessoa capaz, EFICIENTE.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
CHICO BOMBA
Francisco, Chico, Bomba, crítico feroz de tudo que faço e que me faz refletir sobre minhas atitudes, me ajudando a evoluir sempre.
Meu companheiro nesta encarnação, está completando 46 anos de vida, sendo 15 destes ao meu lado.
Que privilégio nós temos de envelhecer juntos, de crescermos juntos, amadurecemos e nos tornarmos pais dos meus (Luísa e Luís Guilherme), do seu (Gledson/Chiquinho) e do nosso(Kauã).
Quando me preparava para ser avó, Chico me convence a ser mãe novamente.
Ele sempre me convence!
Vamos lá, meu amor, vamos continuar encarando tudo que a vida nos manda: nossos filhos, nossos gatos e cachorros...
Sinto muito orgulho de ter descoberto o que parecia uma pedra bruta, mas que se transforma a cada dia num diamante de imenso valor.
Meu companheiro nesta encarnação, está completando 46 anos de vida, sendo 15 destes ao meu lado.
Que privilégio nós temos de envelhecer juntos, de crescermos juntos, amadurecemos e nos tornarmos pais dos meus (Luísa e Luís Guilherme), do seu (Gledson/Chiquinho) e do nosso(Kauã).
Quando me preparava para ser avó, Chico me convence a ser mãe novamente.
Ele sempre me convence!
Vamos lá, meu amor, vamos continuar encarando tudo que a vida nos manda: nossos filhos, nossos gatos e cachorros...
Sinto muito orgulho de ter descoberto o que parecia uma pedra bruta, mas que se transforma a cada dia num diamante de imenso valor.
MEU PAI
Somos cinco filhos, eu a mais velha, Fernanda, Rogério, Fabio e a caçulinha, Fabiana. Nossos pais nos criaram dentro de uma disciplina relativamente rígida, porém com muito amor. Não sei como meu pai conseguiu investir tanto em nós. Estudamos em escolas e faculdades particulares, moramos sempre em boas casas, nos vestíamos bem, papai tinha carro e casa própria.
Excelente professor da Língua Portuguesa criava músicas para nos ensinar, devemos muito a ele.
Era muito inteligente, mas tinha um gênio terrível.
Completamente apaixonado por minha mãe, fazia todas as vontades dela, mas tinha um ciúme doentio.
Aposentou-se muito cedo, com apenas 56 anos e adorava não fazer nada. Como papai dizia, ser bancário é uma escolha, não profissão. Ele detestava trabalhar no banco e a aposentadoria parecia ser o prêmio por tantos anos de infelicidade profissional. Minha mãe costumava brincar que marido aposentado é igual a edredom no verão, ocupa um espaço danado e não se tem onde guardar.
Aos poucos foi se sentindo inútil, sem ter o que fazer e o que é pior, sem vontade de fazer nada. Não se sentia feliz e as doenças começaram a aparecer. Primeiro os rins deixaram de funcionar, teve que fazer hemodiálise por quatro anos e seu corpo físico começou a decair. Foi então tomada uma decisão radical, ele iria fazer o transplante e o doador compatível foi minha mãe.
Achamos que ele iria se sentir “o máximo” tendo um pedaço da amada dentro dele. Mas ocorreu justamente o contrário. Ele ficou amargo, com raiva, parecia que a vida estava sendo injusta com ele. O transplante foi em outubro, em janeiro minha mãe completou 60 anos e, pela primeira vez em tantos anos de vida conjugal, ele fez questão de não lhe dar presente e sequer os parabéns.
Ninguém entendeu, afinal, ele devia sua vida e a liberdade da máquina a ela.
Começou então o processo de decadência física e emocional. Logo apareceu um câncer no couro cabeludo, cirurgias, outros problemas familiares contribuíram para o processo, principalmente a suspeita de câncer linfático na Fabiana e a morte da Carolina, sua neta, filha da Fernanda, que tinha pouco menos de três anos e que faleceu um dia antes de completar um ano do transplante.
Papai teve um Acidente Vascular Cerebral no dia 11 de junho de 2008. Dias antes ele e mamãe haviam tido uma briga feia e falavam até em se separar. Ficou em coma profundo durante 43 dias. No dia do aniversário da Luísa, sua primeira neta, contei-lhe que ela havia passado na prova da OAB, com a nota máxima. Ele abriu um sorriso, presenciado pela neurologista e começou a voltar do coma, saiu do CTI, foi para o quarto e tivemos a oportunidade de nos aproximar dele, pois quando ele voltou do coma, tinha tanto amor no olhar que toda e qualquer mágoa se dissipou. Lógico que ele e mamãe não se separaram até ele partir para o outro plano. Mamãe cuidou dele como a esposa dedicada e amorosa e ele partiu em paz, sentindo-se amado, como sempre foi e nunca soube.
Dedico este blog ao meu pai que apoiou meu sonho, segurou a falta de grana, me ensinou a escrever e que, apesar de não estar presente entre nós, está eternizado no Centro de Reabilitação “Arcesio Francisco de Oliveira Villela” na Escola Flor Amarela.
Excelente professor da Língua Portuguesa criava músicas para nos ensinar, devemos muito a ele.
Era muito inteligente, mas tinha um gênio terrível.
Completamente apaixonado por minha mãe, fazia todas as vontades dela, mas tinha um ciúme doentio.
Aposentou-se muito cedo, com apenas 56 anos e adorava não fazer nada. Como papai dizia, ser bancário é uma escolha, não profissão. Ele detestava trabalhar no banco e a aposentadoria parecia ser o prêmio por tantos anos de infelicidade profissional. Minha mãe costumava brincar que marido aposentado é igual a edredom no verão, ocupa um espaço danado e não se tem onde guardar.
Aos poucos foi se sentindo inútil, sem ter o que fazer e o que é pior, sem vontade de fazer nada. Não se sentia feliz e as doenças começaram a aparecer. Primeiro os rins deixaram de funcionar, teve que fazer hemodiálise por quatro anos e seu corpo físico começou a decair. Foi então tomada uma decisão radical, ele iria fazer o transplante e o doador compatível foi minha mãe.
Achamos que ele iria se sentir “o máximo” tendo um pedaço da amada dentro dele. Mas ocorreu justamente o contrário. Ele ficou amargo, com raiva, parecia que a vida estava sendo injusta com ele. O transplante foi em outubro, em janeiro minha mãe completou 60 anos e, pela primeira vez em tantos anos de vida conjugal, ele fez questão de não lhe dar presente e sequer os parabéns.
Ninguém entendeu, afinal, ele devia sua vida e a liberdade da máquina a ela.
Começou então o processo de decadência física e emocional. Logo apareceu um câncer no couro cabeludo, cirurgias, outros problemas familiares contribuíram para o processo, principalmente a suspeita de câncer linfático na Fabiana e a morte da Carolina, sua neta, filha da Fernanda, que tinha pouco menos de três anos e que faleceu um dia antes de completar um ano do transplante.
Papai teve um Acidente Vascular Cerebral no dia 11 de junho de 2008. Dias antes ele e mamãe haviam tido uma briga feia e falavam até em se separar. Ficou em coma profundo durante 43 dias. No dia do aniversário da Luísa, sua primeira neta, contei-lhe que ela havia passado na prova da OAB, com a nota máxima. Ele abriu um sorriso, presenciado pela neurologista e começou a voltar do coma, saiu do CTI, foi para o quarto e tivemos a oportunidade de nos aproximar dele, pois quando ele voltou do coma, tinha tanto amor no olhar que toda e qualquer mágoa se dissipou. Lógico que ele e mamãe não se separaram até ele partir para o outro plano. Mamãe cuidou dele como a esposa dedicada e amorosa e ele partiu em paz, sentindo-se amado, como sempre foi e nunca soube.
Dedico este blog ao meu pai que apoiou meu sonho, segurou a falta de grana, me ensinou a escrever e que, apesar de não estar presente entre nós, está eternizado no Centro de Reabilitação “Arcesio Francisco de Oliveira Villela” na Escola Flor Amarela.
Por que histórias de uma hiena?
“As hienas possuem um amplo menu, alimentando-se de insetos e ovos de avestruz. Também se alimentam de suas próprias fezes. Se a fome aperta não hesitam atacar animais grandes, como girafas, rinocerontes ou búfalos, mas só preda os indivíduos jovens, velhos ou enfermos. Ao lado do abutre e o chacal, desempenha o papel de carniceira, devorando cadáveres de animais mortos ou que estejam moribundos, além de "roubar" a caça de outros predadores, tais como guepardos, leopardos e leões. Dona das mandíbulas mais potentes do continente, elas consomem até ossos. Na sociedade das Hienas, as fêmeas é que mandam. Há a matriarca, a fêmea líder, que é quem dita as regras e os deveres de cada integrante. Depois vem as fêmeas de segundo e terceiro escalão. Os machos estão na base da pirâmide, sendo totalmente submissos as fêmeas que chegam a ser 20% maiores e mais pesadas. “ (fonte wikipédia)
O apelido de hiena me foi dado por minha mãe, que me acha otimista demais! Além disso, assim como a hiena fêmea, diz que tenho personalidade forte, dominante, ou seja, sou “mandona”.
Não sei se isso é verdade, sei apenas que nasci com uma missão, difícil para a maioria das pessoas, mas nem tanto para mim.
Adoro o que faço, sentir-me útil e saber que estou construindo, fazendo parte da história, me dá imenso prazer.
É verdade que às vezes fico deprimida, choro a toa, quando fica difícil engolir uma injustiça, mas na maioria das vezes penso como os chineses: que “crise é sinônimo de oportunidade”.
O apelido de hiena me foi dado por minha mãe, que me acha otimista demais! Além disso, assim como a hiena fêmea, diz que tenho personalidade forte, dominante, ou seja, sou “mandona”.
Não sei se isso é verdade, sei apenas que nasci com uma missão, difícil para a maioria das pessoas, mas nem tanto para mim.
Adoro o que faço, sentir-me útil e saber que estou construindo, fazendo parte da história, me dá imenso prazer.
É verdade que às vezes fico deprimida, choro a toa, quando fica difícil engolir uma injustiça, mas na maioria das vezes penso como os chineses: que “crise é sinônimo de oportunidade”.
FALANDO DE MIM
Em 1990, deixei minha terra natal o Rio de Janeiro e me mudei para São Vicente de Minas, pequena cidade ao sul das Gerais. Diante do preconceito que sofri, por ser carioca e mãe solteira, no interior de Minas Gerais, e, para que a realização de meu sonho não se transformasse em pesadelo, fiz a seguinte apresentação à comunidade:
“Muitos me conhecem como "Renata do Rio", "Loira", "Filha do Arcesinho", mas poucos sabem quem sou realmente.
Na verdade não sou apenas a Renata boêmia, seresteira, alegre, animada, que se mete em todos os acontecimentos da cidade, mesmo sem ser chamada. Existe um lado meu, desconhecido da população de São Vicente de Minas, que talvez vocês devam conhecer.
Nascida aos 19 de fevereiro sou regida pelo signo de aquário, causa talvez da minha inquietação e tendência ao novo, ao correr riscos e desvendar o desconhecido.
Nunca soube conviver com o preconceito, e desde menina já sabia que uma das minhas missões na terra seria quebrar todo e qualquer tipo de discriminação. Criança ainda brincava e defendia os "fracos e oprimidos" me sentindo, quem sabe, a "super-pateta".
Fui crescendo e essa tendência a super-herói foi se desenvolvendo e tomando outros rumos.
Foi quando decidi fazer faculdade e optei pela educação especial. Minha intenção era trabalhar com crianças portadoras de deficiências.
No meio do caminho, mudei o curso do meu destino. Desfiz um noivado, me apaixonei por um artista, engravidei, tranquei a faculdade e fui ser mãe solteira.
Foi aí que pude sentir pela primeira vez o preconceito na "carne".
Aos 19 anos, sofrendo a perda de pessoas tão queridas como meu avô e minha madrinha, fui descobrir que a criança que eu carregava no ventre não deveria ser motivo de orgulho e felicidade, mas de vergonha e humilhação.
Afinal, se eu não era casada e nem queria me casar - só podia ser louca.
Foi quando passei de heroína a vítima, aquela menina que brigava contra qualquer tipo de discriminação, não podia lutar contra o preconceito imposto por uma sociedade de valores discutíveis.
Porém, alguma coisa dentro de mim ainda se remexia e incomodava. E não me deixaria quieta.
Graças aos céus, estava cercada de pessoas lindas, que me davam as mãos sempre que eu caía.
Aquela coisa remexendo, incomodando... Custou-me a perceber que era o que me fazia ser mãe. Aquela "coisinha" que me falava ao ouvido, não era minha consciência, mas minha filha.
Luísa nasceu! E com ela no colo fui reaprendendo a lutar. Voltei a trabalhar e quando ela já estava com quatro anos retomei os meus estudos.
Com Luísa aprendi a ser mãe.
Comigo aprendi a ser mulher e que ser mulher é ser forte.
Retomei minha profissão. Nesses últimos anos trabalhei com deficientes físicos, mentais, paralisados cerebrais, deficientes visuais e auditivos, com autistas e psicóticos. Trabalhei também com meninos de rua e cheguei a escrever um livro sobre eles, que futuramente pretendo publicar. Dei entrevistas em rádio e televisão, falando sobre o que é especial na educação.
Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas, que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão em cada um de nós, e cabe a nós quebrá-los para que possamos viver numa sociedade mais justa e humana.
Hoje posso afirmar que
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz".
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.”
MARIO QUINTANA
Em 2001 recebo um folder do Senado Federal com a propaganda da Semana Nacional de Valorização da Pessoa com Deficiência. A apresentação tem o texto “DEFICIÊNCIAS de Mario Quintana”. Fico surpresa ao constatar que é o final da minha apresentação. Alguém tirou o texto do site www.floramarela.org.br e o atribuiu ao Mario Quintana.
“Muitos me conhecem como "Renata do Rio", "Loira", "Filha do Arcesinho", mas poucos sabem quem sou realmente.
Na verdade não sou apenas a Renata boêmia, seresteira, alegre, animada, que se mete em todos os acontecimentos da cidade, mesmo sem ser chamada. Existe um lado meu, desconhecido da população de São Vicente de Minas, que talvez vocês devam conhecer.
Nascida aos 19 de fevereiro sou regida pelo signo de aquário, causa talvez da minha inquietação e tendência ao novo, ao correr riscos e desvendar o desconhecido.
Nunca soube conviver com o preconceito, e desde menina já sabia que uma das minhas missões na terra seria quebrar todo e qualquer tipo de discriminação. Criança ainda brincava e defendia os "fracos e oprimidos" me sentindo, quem sabe, a "super-pateta".
Fui crescendo e essa tendência a super-herói foi se desenvolvendo e tomando outros rumos.
Foi quando decidi fazer faculdade e optei pela educação especial. Minha intenção era trabalhar com crianças portadoras de deficiências.
No meio do caminho, mudei o curso do meu destino. Desfiz um noivado, me apaixonei por um artista, engravidei, tranquei a faculdade e fui ser mãe solteira.
Foi aí que pude sentir pela primeira vez o preconceito na "carne".
Aos 19 anos, sofrendo a perda de pessoas tão queridas como meu avô e minha madrinha, fui descobrir que a criança que eu carregava no ventre não deveria ser motivo de orgulho e felicidade, mas de vergonha e humilhação.
Afinal, se eu não era casada e nem queria me casar - só podia ser louca.
Foi quando passei de heroína a vítima, aquela menina que brigava contra qualquer tipo de discriminação, não podia lutar contra o preconceito imposto por uma sociedade de valores discutíveis.
Porém, alguma coisa dentro de mim ainda se remexia e incomodava. E não me deixaria quieta.
Graças aos céus, estava cercada de pessoas lindas, que me davam as mãos sempre que eu caía.
Aquela coisa remexendo, incomodando... Custou-me a perceber que era o que me fazia ser mãe. Aquela "coisinha" que me falava ao ouvido, não era minha consciência, mas minha filha.
Luísa nasceu! E com ela no colo fui reaprendendo a lutar. Voltei a trabalhar e quando ela já estava com quatro anos retomei os meus estudos.
Com Luísa aprendi a ser mãe.
Comigo aprendi a ser mulher e que ser mulher é ser forte.
Retomei minha profissão. Nesses últimos anos trabalhei com deficientes físicos, mentais, paralisados cerebrais, deficientes visuais e auditivos, com autistas e psicóticos. Trabalhei também com meninos de rua e cheguei a escrever um livro sobre eles, que futuramente pretendo publicar. Dei entrevistas em rádio e televisão, falando sobre o que é especial na educação.
Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas, que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão em cada um de nós, e cabe a nós quebrá-los para que possamos viver numa sociedade mais justa e humana.
Hoje posso afirmar que
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz".
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.”
MARIO QUINTANA
Em 2001 recebo um folder do Senado Federal com a propaganda da Semana Nacional de Valorização da Pessoa com Deficiência. A apresentação tem o texto “DEFICIÊNCIAS de Mario Quintana”. Fico surpresa ao constatar que é o final da minha apresentação. Alguém tirou o texto do site www.floramarela.org.br e o atribuiu ao Mario Quintana.
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